ATENÇÃO: Àlcool em gel caseiro é ineficaz e perigoso, dizem especialistas

[Teresina] – Com a falta de álcool em gel no comércio após o anúncio da pandemia causada pelo Covid-19 ter chegado ao Brasil, muitas receitas caseiras foram divulgadas nas redes sociais em sites de notícias. Algumas delas misturavam álcool líquido e gel de cabelo , outra sugeria a combinação do álcool líquido com gel usado para fazer exames de ultrassonografia e muitas ideias surgiram sem um controle de inspeção adequado para validação desses ” novos “álcoois em gel.

A matéria postada neste site e em outros sites nacionais sobre o assunto foi campeã em acessos.

E com o intuito de esclarecer essas dúvidas a equipe do Saúde em Tela procurou profissionais farmacêuticos para um bate-papo rápido .  A entrevistada foi Ana Karina Marques Fortes Lustosa – Farmacêutica-UFPI , Doutora em Biotecnologia-USP e Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFPI.
Equipe Saúde em Tela : O gel fixador para cabelos associado ao álcool 70 ou qualquer tipo de álcool tem a mesma eficácia do álcool em gel encontrado nas farmácias e supermercados? Em caso negativo, justifique.
Dra. Ana Karina :  Não. Para o álcool ser eficaz no combate a vírus e bactérias, é necessário que ele tenha uma concentração de 70% (seja ele na forma líquida ou em gel). Tratando-se das formulações dos álcoois em gel, essas precisam ser registradas na ANVISA para os produtos industrializados ou seguir a composição do Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira para os produtos manipulados. Sendo assim, a produção do álcool em gel deve ser restrita aos estabelecimentos que possuem infraestrutura e recursos humanos especializados. Portanto, não há como garantir a eficácia dessas formulações caseiras.
Equipe Saúde em Tela : O gel ultrassônico associado ao álcool é eficaz no processo de antissepsia?
Dra. Ana Karina : O controle da produção do álcool em gel é muito importante para obtermos um produto eficaz, logo a formulação caseira ou a associação de géis já produzidos com o álcool não são indicadas. Somente os álcoois fabricados obedecendo as condições técnicas recomendadas, e que são rigorosamente controlados, podem ser considerados eficazes.
Equipe Saúde em Tela : O álcool em gel previne a infecção por coronavírus? Explique.
Dra. Ana Karina : Uma das medidas básicas para a prevenção do COVID-19 é higienizar as mãos com frequência. Para isso, a Organização Mundial de Saúde orienta que a população lave as mãos (com água e sabão) ou utilize álcool. Em termos gerais, o sabão e o álcool a 70% matam o vírus, porque são capazes de dissolver os lipídeos que constituem o envelope viral. Além disso, o álcool a 70% é capaz de desnaturar as proteínas virais, inativando-as.  O envelope viral trata-se da estrutura externa do vírus. Ele separa a estrutura interna do vírus do meio ambiente. Fazendo uma analogia com os seres humanos, o envelope viral pode ser equiparado à nossa pele, que é essencial para nossa sobrevivência. Da mesma forma, se o envelope viral é danificado pelo sabão ou pelo álcool, o vírus não é capaz de sobreviver.
Equipe Saúde em Tela : Por que lavar as mãos com água e sabão é mais eficiente no combate de vírus e bactérias do que o uso de álcool? Explique.
Dra. Ana Karina :Tanto a lavagem das mãos com quanto o uso do álcool são indicados no combate de vírus e bactérias. São duas medidas básicas de higiene que ajudam na prevenção de diversas doenças. Para afirmamos qual agente desinfectante (álcool, sabão, cloro, iodo, entre outros) é mais eficaz para um determinado tipo de patógeno (seja ele vírus ou bactéria), é necessário um estudo científico, para avaliar o potencial bactericida de cada agente desinfectante, e um método estatístico para compará-los. Nesse contexto, a generalização da afirmação “água e sabão é mais eficaz do que álcool” é errônea. Dito isso, e diante da pandemia do COVID-19, sabemos que nem sempre podemos lavar as mãos em todos os locais. Sendo assim, tenha sempre um álcool a 70% para desinfectar as mãos nessas circunstâncias.
O Saúde em Tela também ouviu outros especialistas e todos são unanimes em afirmar que o gel para cabelos possui diversos componentes que não servem para higienização e que podem danificar a pele, além de não ter como garantir a concentração correta do produto final.

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