Brasil tem cinco casos confirmados da variante Ômicron e investiga outros oito

BRASÍLIA— O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira que o Brasil tem cinco casos confirmados da variante Ômicron no país e oito ocorrências em investigação. De acordo com a pasta, entre os cinco confirmados há quatro homens e uma mulher, e todos estão vacinados.

Dois casos foram confirmados nesta tarde no Distrito Federal (DF). Segundo informações da Secretaria de Saúde local, um dos infectados está assintomático e o outro apresenta sintomas leves. Os outros três casos do país foram notificados em São Paulo. As ocorrências em investigação estão no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no DF.

A pasta criou um plano de ação para monitorar a disseminação da variante pelo país. A sala de situação da secretaria de Vigilância em Saúde começou a funcionar na última segunda-feira e ficará ativa, a priori, por 15 dias. A estrutura pode ser desmobilizada caso haja transmissão comunitária da variante no país, ou de acordo com melhora do cenário epidemiológico.

Entre os objetivos do plano, estão acompanhar o registro dos casos e o perfil desses infectados, e fazer o monitoramento dos contaminados. Avaliar estoques de vacina, testes e capacidade de sequenciamento genômico, a fim de detectar a presença da variante no país. A sala também vai observar a cobertura vacinal no mundo e no país e atualizar os dados epidemiológicos relacionados à doença, emitindo alertas às secretarias.

O Ministério da Saúde convidou para participar do grupo a Fiocruz, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs), que reúne as secretarias de vigilância sanitária do Brasil, tem solicitado a lista de passageiros de voos provenientes de países com casos confirmados para acompanhamento desses viajantes que chegam ao Brasil.

Ministro pede ‘ponderação’

Em anúncio na tarde desta quinta, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tentou tranquilizar a população.

— Não podemos sair de uma situação libertária, de festas, de réveillon, de Carnaval, para uma situação de fechamento total da nossa economia, porque as consequências nós já sabemos. Até porque não há motivo para isso. Até agora o que há é a notificação da variante, que tem muitas mutações, mas o real impacto sobre a saúde de cada um nós não sabemos. Todos torcemos para que esses casos da variante Ômicron sejam mais leves —  afirmou o ministro.

Queiroga citou ainda outras variantes que já foram registradas no país e disse que é preciso ter ponderação.

— Ontem, foram dois milhões de brasileiros vacinados nas nossas salas de vacinação. Isso nos dá tranquilidade para enfrentar não só essa variante, mas outras que possam surgir no mundo, inclusive no nosso país — disse.  — Conforme foi a variante Gama, que tanta infelicidade trouxe para o Brasil e impactou muito mais do que o vírus original, a variante Alfa, a Beta, a própria variante Delta, que é a que causa maior problema no mundo hoje, que está pressionando sistema de saúde na Europa, e aqui no Brasil não houve essa pressão.

Segundo ele, “há vários motivos” para que a Delta não tenha pressionado o sistema de saúde brasileiro, mas citou adesão à vacinação como um dos pontos principais. Alinhado ao discurso do presidente Jair Bolsonaro, que é contra a obrigatoriedade da vacinação, o ministro defendeu buscar adesão aos imunizantes “por convencimento”.

— Os brasileiros têm essa cultura de vacinação e por ter essa cultura é muito melhor que continuemos a buscar as pessoas que convencimento do que forçá-las para vacinação, porque às vezes o tiro sai pela culatra — disse.

Restrição a voos

Queiroga disse ainda que o Ministério da Saúde e outras pastas do governo estão analisando dados para decidir sobre a recomendação da Anvisa de restringir a chegada de voos no país para Angola, Malawi, Moçambique e Zâmbia. Segundo ele, esse é “um assunto sensível”.

O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros, falou a respeito das evidências científicas relacionadas à nova variante. De acordo com ele, ainda não há dados que demonstrem maior gravidade e transmissibilidade pela Ômicron.

— Os conhecimentos científicos que temos da gravidade da doença hoje, até agora: sem evidências. Os dados preliminares sugerem taxas crescentes de hospitalização na África do Sul, mas isso pode ser reflexo da maior quantidade de contaminantes que existe na África do Sul, consequentemente acaba tendo uma pressão sobre o sistema.

Medeiros disse ainda que os testes RT-PCR são capazes de detectar a variante e que há estudos em curso, inclusive por parte da Fiocruz, para identificar se os chamados “testes de antígeno” são capazes de identificar a Ômicron. O secretário chamou atenção para o movimento dos fabricantes de vacina em realizar pesquisas para detectar a eficácia dos imunizantes frente à nova cepa.

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