Crianças que fazem muita birra têm mais chance de serem jovens depressivos

Crianças cuja irritabilidade permanece alta entre os três e sete anos de idade têm uma tendência maior a desenvolver sintomas depressivos e passar por automutilação na adolescência. Essa é a conclusão de um estudo liderado por cientistas da University College London (UCL) e publicado na edição de janeiro de 2024 do periódico Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry.

A alta irritabilidade é comum durante a primeira infância; mas, normalmente, ela diminui conforme as crianças crescem. Estudos passados já haviam demonstrado que, quando esse traço persiste ao longo da segunda infância, há um risco maior do indivíduo desenvolver depressão. Porém, ainda não se sabia se esses sentimentos de frustração ou raiva também poderiam estar ligados a quadros futuros preocupantes quando exacerbados na primeira infância.

Para o novo estudo, foram usados dados de mais de 7 mil crianças analisadas pelo Millenium Cohort Study, uma pesquisa da UCL que acompanhou pessoas nascidas entre 2000 e 2002 no Reino Unido. Nesse levantamento, pais responderam a questionários a respeito da irritabilidade dos filhos aos três, cinco e sete anos de idade – e, mais tarde, participantes de 14 anos passaram a reportar sintomas depressivos e de automutilação.

“Este estudo sugere que, embora algum grau de irritabilidade faça parte do desenvolvimento normal da criança, podemos identificar aquelas que têm problemas com a irritabilidade persistente a partir dos cinco anos de idade; assim, temos uma oportunidade de prevenção e intervenção precoce”, declarou Ramya Srinivasan, principal autora do estudo, em comunicado.

Apesar dos resultados encontrados, foi observado que, quando a alta irritabilidade aparece somente aos três anos de idade, não há uma associação com sintomas depressivos.

Para a pesquisadora, os resultados não só enfatizam a importância que a primeira infância tem no desenvolvimento emocional das pessoas como também despertam uma preocupação. “O apoio aos pais de crianças pequenas foi reduzido em muitos países nos últimos anos e foi substancialmente prejudicado pela pandemia da Covid-19 Isso é preocupante e uma possível oportunidade perdida”, ela avalia.

Comments are closed.

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More

Privacy & Cookies Policy