Crupe: entenda o que é e qual sua relação com a Covid-19

Com o aumento de casos da variante ômicron, médicos ao redor do mundo têm encontrado sinais do crupe em crianças acometidas pela Covid que precisa de cuidados hospitalares no mundo todo.

Há também aquelas que procuram atendimento médico por conta do crupe, e acabam sendo diagnosticadas com o Sars-CoV-2 – vírus que causa a Covid-19 –, e casos de coinfecção, em que a criança é diagnosticada com o Sars-cov-2 e outro vírus causador da síndrome do crupe.

O que é crupe e quais são os sintomas?

A crupe (ou laringotraqueobronquite) ocorre quando há inflamação e inchaço no trato respiratório superior de crianças pequenas, geralmente abaixo de 5 anos de idade, em resposta a uma infecção viral.

O causador mais comum é o vírus da parainfluenza. Outros culpados incluem o adenovírus e o vírus sincicial respiratório (VSR).

Um sinal típico do crupe é quando a criança tosse emitindo sons parecidos com o de uma foca ou latido de cachorro. A síndrome do crupe ocorre mais frequentemente em crianças do sexo masculino e dura entre 3 a 5 dias. Os sintomas são típicos de uma infecção no trato respiratório: coriza, dor de garganta, tosse e febre.

Conforme a inflamação avança, os químicos inflamatórios causados pelo vírus fazem com que vaze fluidos das veias capilares (pequenos vasos sanguíneos), inchando as passagens de ar na laringe, traqueia e nos brônquios.

Crianças menores de 5 anos, principalmente as mais novas, possuem passagens de ar bem pequenas, ao contrário de crianças mais velhas e adultos, por isso o inchaço pode resultar numa obstrução parcial do ar.

É possível que a condição também cause estridor – um som de assovio agudo ao inspirar – e aumento de trabalho respiratório.

A contagem respiratória (número de respirações por minuto) também pode aumentar, dando sinais de dificuldade respiratória, como a abertura exagerada das narinas ao tomar fôlego ou a sucção da base da garganta (puxão traqueal) em busca de ar.

Quando a dificuldade da respiração aumenta, a criança passa a usar os músculos do abdômen e da região da costela ao fazer força para buscar fôlego. Além disso, é possível que também desenvolva ansiedade e estresse.

Por que o crupe pode estar relacionado a Covid-19?

Qualquer doença que cause uma inflamação respiratória nas regiões mais altas da passagem de ar em crianças menores pode fazer surgir sintomas da síndrome de crupe.
A ômicron, assim como outros causadores da síndrome, também é um vírus respiratório que – ao contrário da Delta, que atinge mais o pulmão – afeta principalmente as partes superiores do sistema respiratório.

Com exceção do crupe causado pela Covid, a doença é mais comum no frio, durante o outono e inverno.

Como o crupe é tratado?

Ocorrências mais brandas, onde a criança não sofre dificuldade para respirar, comer ou ingerir líquidos, podem ser tratadas em casa.

Febre e dor de garganta são sintomas que podem ser eliminados com uso de antitérmicos e analgésicos, conforme prescrição médica.

Durante o tratamento é necessário garantir que a criança tome bastante água, pois ela irá perder fluidos com a febre. Crises de choro e estresse também podem piorar o quadro da criança, portanto deve-se ter cuidado para que ela se mantenha o mais calma possível.
Caso os sintomas piorem, avançando para um caso moderado, o médico pode prescrever anti-inflamatórios para reduzir a inflamação e inchaços.

Em quadros mais severos também pode ser recomendado pelo médico o tratamento de nebulização com adrenalina, por ser uma solução rápida contra obstruções das vias aéreas.

A prevenção da doença depende do cuidado contra infecções virais já conhecidos, como o hábito de lavar as mãos e cobrir o rosto com o cotovelo ao tossir ou espirrar.

Outras medidas preventivas são as contra o Sars-cov-2; e incluem vacinação da família e pessoas próximas a crianças menores de 5 anos, casa e locais de frequência com boa ventilação e evitar que a criança brinque com outras em locais muito fechados.

Quando ir ao médico?

É preciso buscar ajuda médica assim que a criança apresentar sintomas como dificuldade em comer, beber e respirar. Principalmente se os sintomas persistem a mais de quatro dias ou a criança tem menos de 6 meses de idade.

Uma ambulância deve ser acionada ao sinal de grandes dificuldades respiratórias, resultando em palidez, tontura, problemas para engolir a saliva (fazendo a criança babar excessivamente) ou cianose – pigmentação azulada ou acinzentada da região dos lábios, unhas e ao redor dos olhos.

* Thea van de Mortel é enfermeira e professora da escola de Enfermagem e Obstretícia da Universidade Griffith, na Austrália.

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