Testagem para Covid pode ser adaptada de acordo com transmissão e vacinação

Pesquisadores da Universidade do Texas (UT) em Austin, nos Estados Unidos, formularam um modelo de testagem contra a Covid-19 adaptado de acordo com a realidade de cada comunidade. Esse é o primeiro estudo a identificar os níveis ideais de testagem em uma população parcialmente imunizada.

A estratégia combina a análise de indicadores como nível de transmissão e de imunidade com o acesso a testes rápidos. Dessa forma, é possível que líderes de saúde pública formulem medidas sanitárias adaptadas a cada cenário de transmissão.

A pesquisa foi feita pelo Consórcio de Modelagem da Covid-19 da UT e publicada na revista The Lancet Regional Health – Americas em janeiro. Ela descreve um modelo eficiente e econômico de testagem para pessoas sem sintomas e recomenda estratégias de isolamento para apoiar os tomadores de decisão na prevenção contra as novas variantes do coronavírus Sars-CoV-2.

Um estudo prévio da mesma equipe, publicado na The Lancet Public Health apresentava estratégias otimizadas para populações totalmente não vacinadas. “Conforme a Covid-19 continua a evoluir e a causar ondas de infecção pelo mundo, a testagem rápida mostra-se uma estratégia econômica para reduzir a transmissão e salvar vidas. Nosso estudo ajuda os tomadores de decisão a determinar quando e em qual frequência testar”, afirma em nota a diretora do consórcio, Lauren Ancel Meyers, professora de biologia integrativa, estatística e ciência de dados da UT em Austin.

Teste rápido e isolamento voluntário

O consórcio desenvolveu um modelo escalável baseado em quanto o vírus está circulando em uma população local, a porcentagem da população imunizada contra a Covid-19 e outros fatores. Com isso, é possível determinar a frequência com que pessoas sem sintomas devem ser testadas, de forma a reduzir a transmissão.

O estudo recomenda uma estratégia em etapas que rastreia a mudança do grau de risco conforme novas variantes surgem e retrocedem. Se uma cepa de rápida transmissão aparece em uma população parcialmente imunizada, a recomendação é testar todo mundo pelo menos uma vez por semana, combinando com isolamento de 10 dias para pessoas que testarem positivo e quem mora com elas.

Conforme o nível de imunidade cresce em uma população, a testagem pode ser reduzida para uma vez por mês ou até mesmo suspensa. Por exemplo, para uma variante tão infecciosa e evasiva como a ômicron, é recomendada testagem diária até que 70% da população seja imunizada e testagem mensal até que se chegue aos 80% de vacinados.

Salvando vidas e a economia

Qualquer país pode enfrentar novas ondas de transmissão causadas por variantes evasivas à vacinação. Diante disso, o estudo sugere que, nos Estados Unidos, a testagem proativa continue a ser uma estratégia barata, para reduzir os riscos e evitar restrições pesadas diante das novas ameaças.

Essas estratégias equilibram os custos associados a administrar os testes e ao fechamento de escolas e empresas durante o isolamento, com os benefícios de prevenir hospitalizações e mortes por Covid-19. “À medida que a Covid-19 evolui, também evolui o nosso arsenal de contramedidas eficazes. Nossa pesquisa mostra que o uso massivo de testes rápidos acompanhados de isolamento voluntário e quarentena doméstica podem salvar vidas e a economia se feitos sob medida para os riscos locais”, diz Meyers.

“Agora é a hora de se preparar para as ainda desconhecidas variantes da Covid-19 e para as futuras pandemias. A testagem e o isolamento proativos podem ser a chave para manter escolas e negócios abertos enquanto prevenimos a superlotação dos nossos hospitais”, conclui a pesquisadora.

Comments are closed.

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept Read More

Privacy & Cookies Policy