Pesquisa revela risco cardiovascular ligado ao consumo moderado de álcool

Controlar o consumo de álcool tomando menos de 14 doses por semana não é o suficiente para evitar danos à saúde, pois ainda aumenta o risco de problemas cardiovasculares, segundo aponta um estudo publicado em 13 de dezembro de 2021 na revista Clinical Nutrition.

O limite de 14 doses semanais é recomendado no Reino Unido, onde a pesquisa foi realizada por estudiosos da Anglia Ruskin University (ARU). Os pesquisadores analisaram hospitalizações por eventos cardiovasculares entre mais de 350 mil pessoas com idades entre 40 e 69 anos, cujos dados foram fornecidos pelo banco UK Biobank.

Do total de participantes, mais de 333 mil consumiam bebida alcoólica. Este subgrupo foi acompanhado por cerca de 7 anos e foi questionado sobre hábitos semanais de consumo de cerveja, vinho e destilados. Foram excluídas pessoas que sofreram problema cardiovascular prévio, além de indivíduos que já bebiam álcool antes ou aqueles com informações incompletas.

Os voluntários que tomaram menos de 14 doses por semana, conforme recomendado pelo Chief Medical Officers do governo britânico, apresentaram risco cardiovascular aumentado em 23% a cada 1,5 litro de cerveja com 4% de álcool.

O novos dados mostraram que o risco de eventos cardiovasculares não diminuiu ao tomar qualquer tipo de qualquer álcool — mesmo dentro do limite semanal. Isso serve de contraponto a evidências anteriores de que quem toma vinho ficaria menos sujeito à doença arterial coronariana.

“Os vieses embutidos nas evidências epidemiológicas mascaram ou subestimam os riscos associados ao consumo de álcool”, alerta Rudolph Schutte, líder da pesquisa, em comunicado. “Quando esses vieses são levados em conta, os efeitos adversos do consumo de álcool de baixo nível são revelados.”

Os pesquisadores afirmam que hoje há uma ampla aceitação da “curva em forma de J”, que sugere erroneamente que o consumo de álcool de baixo a moderado pode ser benéfico para a saúde cardiovascular.

Porém, os estudos que defendem tal curva têm falhas. Por exemplo, os artigos consideram muitas vezes até quem não bebe por motivos de saúde precária ou ainda distorcem o real risco da bebida alcoólica devido às evidências controvérsias sobre o vinho.

“Evitar esses vieses em pesquisas futuras mitigaria a confusão atual e, esperançosamente, levaria a um fortalecimento das diretrizes, reduzindo as atuais orientações sobre álcool”, diz Schutte.

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