Vacinas de reforço autorizadas no Brasil para todos os adultos: perguntas e respostas

BRASÍLIA — O Ministério da Saúde estabeleceu novas diretrizes para a aplicação da dose de reforço da vacina contra a Covid-19, aumentando o público-alvo de quem pode recebê-la. Agora, toda a população a partir de 18 anos poderá tomar mais uma dose, independente de qual imunizante tenha recebido anteriormente. O intervalo entre a segunda dose e a do reforço mudou: é de cinco meses, não mais de seis. A seguir as princpiais questões sobre o assunto.

Com a nova decisão, quem pode tomar a dose de reforço?

Até então, a dose de reforço se destinava exclusivamente a três grupos específicos: idosos a partir de 60 anos, imunossuprimidos — pessoas com baixa imunidade, isto é, com câncer ou HIV, por exemplo — e profissionais de saúde, considerados grupo de risco devido à alta exposição ao coronavírus. Agora, todos os adultos acima de 18 anos são elegíveis.

Qual é o intervalo mínimo para a dose de reforço?

Segundo o ministro Marcelo Queiroga, qualquer adulto que tenha tomado a segunda dose há cinco meses poderá se dirigir a uma sala de imunização.

Qual vacina será aplicada como reforço?

A dose de reforço será, preferencialmente, aplicada com a Pfizer, independente da vacina recebida anteriormente. O imunizante foi escolhido a partir de estudos que mostram maior resposta imune obtidas com vacinas que usam a tecnologia do RNA mensageiro — também é o caso da Moderna, que ainda não está disponível no Brasil — e também com o esquema heterólogo, isto é, com vacinas de diferentes laboratórios. Na falta dela, Janssen e AstraZeneca devem ser administradas.

Quando estados e municípios começam a aplicar o reforço para esse novo público?

Estados e municípios têm autonomia para estabelecer os cronogramas de vacinação e podem definir as próprias regras. O Mato Grosso do Sul, por exemplo, foi o primeiro estado a confirmar a dose de reforço para adultos após o anúncio da pasta. A cidade de São Paulo também anunciou o início da aplicação da dose de reforço da vacina contra a Covid com intervalo de 5 meses para todos os adultos a partir de 18 anos nesta quinta-feira.

No próximo sábado, o ministério iniciará uma campanha de megavacinação e também fará o Dia “D” da iniciativa. O objetivo é levar a imunização aos “faltosos” da segunda dose — cerca de 21 milhões de pessoas estão em atraso, segundo a pasta — e aos que já estão aptos a receber o reforço. A ação durará até 26 de novembro.

— A ampliação tanto da segunda dose para o fornecimento do regime completo, quanto da primeira dose precisa ser nossa prioridade, junto do reforço às populações mais vulneráveis. Infelizmente, ainda vemos pessoas de determinadas faixas etárias que ainda não se vacinaram — avalia a biomédica e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Mellanie Fontes-Dutra.

Quantos brasileiros estão elegíveis para receber o reforço nos próximos meses?

Conforme o anúncio, a estimativa da pasta é de que mais de 100 milhões de pessoas possam receber mais uma dose nos próximos meses. Essa população se subdivide entre 12,4 milhões em novembro, 2,9 milhões em dezembro, 12,4 milhões em janeiro, 21,5 milhões em fevereiro, 29,6 milhões em março, 19,6 milhões em abril e 4,3 milhões em maio.

Por que o Ministerio da Saúde decidiu autorizar o reforço para todos os adultos a partir de 18 anos?

Países da Europa tem vivido um revés da pandemia diante do aumento do número de casos e de hospitalizações por Covid-19. Nessa esteira, completar o esquema vacinal confere maior resposta imunológica aos indivíduos e contribui para barrar a transmissão. A dose de reforço oferece uma proteção adicional.

— Os estudos mostram que as pessoas têm redução de efetividade da vacina frente ao coronavírus a partir do quinto mês, principalmente em um cenário de alta circulação viral e de novas variantes que têm alta transmissibilidade — explica a infectologista Ana Helena Germoglio. — É importante que se estenda essa dose para essa população que já tem mais tempo de segunda dose, para que elas não sejam frutos de nova contaminação. A gente precisa ir, também, atrás das pessoas que não tomaram a segunda dose ou sequer a primeira, independente do motivo.

Por que é necessário tomar o reforço?

Segundo Fontes-Dutra, a dose de reforço traz um benefício de aumentar ainda mais essa proteção. — Mas o que pode nos tirar do caminho que a Europa seguiu é a alta cobertura para o regime completo, além da manutenção das medidas mitigatórias, como o uso de máscara, distanciamento físico e a preferência por ambientes bem ventilados, sempre que possível — complementa a divulgadora científica e coordenadora da Rede Análise COVID-19.

Vacina da Janssen

O Ministério da Saúde também estabeleceu novas diretrizes para a aplicação da vacina contra a Covid-19 da Janssen. Agora, o imunizante não é mais dose única. A recomendação da pasta é que todas as pessoas que receberam a injeção tomem uma segunda dose, dois meses após a primeira. A seguir as princpiais questões sobre o assunto.

Por que houve alteração no esquema vacinal da Janssen?

De acordo com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evidências científicas mostram que a vacina da Janssen também requer duas doses para a vacinação primária. — No início, a recomendação era de que essa vacina fosse dose única. Hoje, nós sabemos que é necessária essa proteção adicional — afirmou o ministro.

Qual é o intervalo mínimo para a segunda dose?

Quem tiver recebido a vacina contra Covid-19 da Janssen há dois meses ou mais pode, pelas novas regras do Ministério da Saúde, tomar a segunda dose.

A segunda aplicação da Janssen equivale à dose de reforço?

O Ministério da Saúde recomenda que além da segunda injeção da vacina da Janssen, as pessoas que tomaram o imunizante da Janssen recebam o reforço, preferencialmente com a vacina da Pfizer. Neste caso, o intervalo mínimo é de cinco meses após a segunda injeção da vacina original.

Quando estados e municípios começarão a aplicar a segunda dose da Janssen?

Estados e municípios têm autonomia para definir seu próprio calendário, mas muitos estados, como São Paulo, não têm o imunizante em estoque. Na semana passada, o Brasil recebeu um novo carregamento com um milhão de doses. O Ministéio da Saúde vai começar a distribuir essas doses aos estados e municípios a partir de sexta-feira.

Temos doses disponíveis do imunizante?

A projeção de entregas do ministério, atualizada no dia 10 de novembro, indica a entrega de 7,7 milhões de doses do imunizante ainda neste mês e mais 28,4 milhões em dezembro.

Houve alteração na bula da vacina da Janssen?

Na bula registrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina da Janssen “é administrada apenas em dose única de 0,5 mL”. Procurada pelo GLOBO, o órgão regulatório informou que não há pedido para mudança de bula em análise até o momento, porque o fabricante não entrou com a solicitação. O imunizante tem autorização de uso emergencial no país. Em comunicado, a Anvisa ressaltou que nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), agência que regula medicamentos, considerou a segunda dose da vacina da Janssen como reforço. A previsão é de que a Janssen entregue até a próxima semana os estudos sobre eficácia e segurança da dose de reforço da sua vacina à Anvisa.

Já há estudos sobre a necessidade de uma nova dose da Janssen?

Sim. Em setembro, a Johnson & Johnson anunciou que a aplicação da segunda dose da vacina da Janssen, braço farmacêutico da empresa, aumentou para 94% a eficácia contra formas graves e moderadas da Covid-19. Segundo a empresa, o reforço administrado dois meses após a primeira dose aumentou  de quatro a seis vezes os níveis de anticorpos. Quando administrado seis meses após a primeira dose, o reforço aumentou os níveis de anticorpos doze vezes, sugerindo uma grande melhora na proteção com a adoção de um intervalo mais longo.

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