
RIO — Remédios com Losartana são populares no tratamento de pressão alta e insuficiência cardíaca. Só no Brasil, há mais de dez laboratórios que fabricam o medicamento. Impurezas que podem trazer riscos para a saúde foram encontradas apenas nas medicações fabricadas pela Sanofi Medley, motivo pelo qual a farmacêutica recolheu preventivamente o produto das prateleiras. Não foram encontrados problemas nos remédios produzidos pelas outras marcas, que continuam sendo vendidos normalmente.
Em nota, a Neo Química informou que não há nenhum recolhimento em curso de seus remédios com Losartana. Não houve interrupção na fabricação nem na venda das medicações fabricadas pela farmacêutica.
O laboratório Aché informou que “segue rigorosamente os padrões de qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos preconizados pelas legislações e órgãos reguladores do setor” e que seu medicamento segue sendo fabricado e vendido normalmente.
Os laboratórios Prati-Donizaduzzi e Ems não quiseram se manifestar. As empresas Merck, Eurofarma e Teuto não responderam o pedido de O GLOBO até a última atualização desta reportagem.
Entenda o que aconteceu
A Sanofi Medley está recolhendo todos os seus remédios com Losartana após detectarem a presença de impurezas mutagênicas nos produtos. Neste momento, o medicamento está sendo retirado de circulação para voltar ao mercado com o IFA (ingrediente farmacêutico ativo) ajustado.
Impurezas mutagênicas são substâncias químicas que podem causar mudanças no DNA de uma célula. “Este recolhimento é uma medida de precaução e, até o momento, não existem dados para sugerir que o produto que contém a impureza causou uma mudança na frequência ou natureza dos eventos adversos relacionados a cânceres, anomalias congênitas ou distúrbios de fertilidade. Assim, não há risco imediato em relação ao uso dessas medicações contendo losartana”, informou a farmacêutica por meio de nota.
A Sanofi Medley esclarece que a medida de recolhimento dos remédios com Losartana acontece em consonância com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e em conjunto com órgãos regulatórios de outros países. Ou seja, os remédios estão sendo retirados das prateleiras de outros países além do Brasil.
Em um comunicado enviado a médicos, a farmacêutica relata que a Direção Europeia para a Qualidade de Medicamentos e Cuidados de Saúde (EDQM) exigiu uma análise para identificação da possível presença de uma impureza azido (“LADX”) nos remédios contendo losartana. E que, como medida de segurança e prevenção, a fabricação e a liberação desses produtos nas fábricas da Sanofi Medley foram suspensas até novas investigações.
A empresa garante que não recebeu relatos de eventos adversos que pudessem associar o uso de medicações com Losartana ao surgimento de problemas de saúde causados por mudanças no DNA de células.