
Causador de sintomas parecidos com os da dengue, malária e outras doenças tropicais, um vírus misterioso foi observado pela primeira vez no Peru, em um homem de 20 anos, depois que ele foi internado em um hospital. O caso foi relatado em um artigo publicado em setembro no periódico Emerging Infectious Diseases.
O agente infeccioso é uma nova cepa do vírus Echarate (ECHV) e pertence ao gênero Phlebovirus. O jovem que testou positivo para o microrganismo trabalhava em construção civil e foi internado em 25 de junho de 2019 no Hospital Regional Docente de Medicina Tropical Julio César Demarini Caro, localizado na cidade de Chanchamayo, no centro do Peru.
O rapaz se queixou de febre, mal-estar, calafrios, dores musculares sistêmicas, rigidez nas articulações, dor de cabeça generalizada, sonolência, magreza, sensibilidade intensa à luz e dor nos olhos. Sua temperatura corporal era de 39ºC.
A partir de testes laboratoriais de amostras de sangue, os médicos identificaram que o paciente havia contraído a nova variante de vírus Echarate. O vírus em questão naturalmente adquiriu genes de um phlebovírus ainda não identificado por meio de recombinação genética.
Como os sintomas da infecção pela variante que atingiu o homem no Peru também são característicos de dengue, malária e outras doenças infecciosas tropicais comuns nessa região, os pesquisadores ressaltam a importância de uma “biovigilância contínua” da doença febril aguda para detectar patógenos novos e emergentes.
O Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV) afirma que o gênero Phlebovirus apresenta 66 espécies. Os vírus do grupo estão distribuídos globalmente e podem ser transmitidos por flebotomíneos (insetos como mosquito-palha), outros mosquitos ou carrapatos.
No Peru, foram identificados três dos nove phlebovírus que causam doenças febris na América Central e do Sul: vírus Echarate, vírus Maldonado e vírus Candiru. “Nossas descobertas indicam que uma nova variante do vírus Echarate está circulando na selva do centro do Peru”, concluem os cientistas que estudaram o caso.
Além disso, os especialistas afirmam que são necessários estudos ecológicos para determinar quão difundida é a nova variante dentro dessa região. Novas pesquisas também poderão “identificar possíveis vetores e reservatórios envolvidos em sua transmissão e apoiar a tomada de decisões” para proteger prestadores de serviço na área da saúde.