
[São Paulo] – Em uma parceria entre Escola Politécnica (Poli) da USP, Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (Fmusp) e setor privado, pesquisadores desenvolveram almofadas hospitalares capazes de aumentar a sobrevida de pacientes em estado grave de covid-19. Quando pacientes são internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com insuficiência respiratória ocasionada pela infecção, há a necessidade de posicioná-los de bruços para incrementar as trocas gasosas pulmonares, tornando os coxins hospitalares essenciais para garantir o conforto do paciente entubado, evitar o surgimento de feridas na pele e proporcionar melhor respiração.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Douglas Gouvêa, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica (Poli) da USP, explica que o projeto só foi possível graças à parceria entre a universidade e a iniciativa privada. Para desenvolver as almofadas, diversos aspectos precisam ser considerados: “Discutimos quais seriam os pontos críticos da elaboração desse dispositivo que, na verdade, são quatro almofadas: para a cabeça, para o tronco, para o quadril e para as pernas. Cada parte com suas particularidades. Partimos disso sabendo que a cabeça é a parte mais complicada, onde surgem as úlceras complicadas”.
A região da cabeça é uma das que mais precisam de atenção quando o paciente entubado está posicionado de bruços, porque é nessa região onde se conectam os tubos de oxigênio, sonda para alimentação e cânulas para medicamentos. A cada quatro horas, a cabeça do paciente precisa ser movimentada para a esquerda ou para a direita, a fim de evitar ferimentos graves e garantir o funcionamento da tubulação, como informa Kelly Cristina Stéfani, do Centro de Inovações Tecnológicas do Instituto Central do Hospital das Clínicas e uma das responsáveis pelo projeto: “Geralmente fica de 12 a 18 horas de bruços e tem que adaptar para que os tubos não sejam desconectados. Tudo isso é feito com muito cuidado em um paciente crítico”.
Segundo Kelly, a chance de sobrevivência do paciente em estado grave é aumentar as trocas gasosas no pulmão, o que é propiciado com o uso dos coxins hospitalares: “A hora que o paciente é adaptado em cima dessas almofadas, há melhora dessa capacidade, ou seja, realmente tira o paciente da insuficiência respiratória grave, levando condições melhores de respiração para que o paciente possa sair da ventilação mecânica”. Além disso, as almofadas evitam úlceras e feridas que podem ser profundas e necessitarem de cirurgia. “Essas simples almofadas proporcionam a sobrevida de pacientes e diminuição de tempo de internação hospitalar. Cada paciente que sai mais rápido dos hospitais, libera um leito de UTI para novos pacientes. Essa rotatividade de leitos é importante para esse momento da pandemia”, finaliza.
Fonte: Jornal da USP