
RIO — Na última sexta-feira, a Food and Drugs Administration (FDA), órgão regulatório dos EUA, concluiu uma inspeção na fábrica da empresa Abbott Nutrition da cidade de Sturgis, nos Estados Unidos, e encontrou uma bactéria nociva chamada Cronobacter sakazakii em superfícies de áreas de produção de fórmulas infantis em pó. A investigação teve início depois que quatro bebês foram internados no país, e um morreu, após terem ingerido produtos suspeitos de contaminação pelo microrganismo. O fato já havia levado a Abbott a anunciar o recolhimento de lotes das marcas Human Milk Fortifier, Similac PM 60/40, Similac, Alimentum e EleCare em mais de 40 países.
No início do mês, a Anvisa determinou que as fórmulas da leva em questão fossem devolvidas no Brasil e proibiu a importação, comercialização, distribuição, propaganda e uso dos lotes suspeitos. A Abbott Nutrition incluiu o país na lista de localidades com possível distribuição dos produtos contaminados.
No entanto, a representante brasileira da empresa destaca que, no momento, nenhum produto nutricional vendido no Brasil de forma regular faz parte dos lotes contaminados. Portanto, são baixas as chances de ingestão no país de uma fórmula infantil que tenha sido produzida na fábrica investigada. Além disso, a companhia afirmou, em nota, que já começou a implementar “ações corretivas e melhorias na fábrica de Sturgis nos Estados Unidos”.
Como identificar o lote?
Em caso de posse do produto, basta verificar os dígitos na parte inferior da embalagem para se certificar de que ele não faz parte da leva com risco de contaminação. De acordo com orientações da Anvisa, as numerações que englobam os produtos sob suspeita começam com os dois primeiros dígitos entre 22 e 37, contendo K8, SH ou Z2, e com data de validade para 1º de abril de 2022 ou data posterior. Se não for o caso, então a fórmula está apta para o consumo.

No caso de fórmulas com os dígitos acima, a recomendação da agência sanitária é que o produto não seja consumido e que a Abbott seja contatada para a devolução do produto pelo telefone 08008912690 ou pelo e-mail [email protected].
O que fazer se a fórmula estava sob suspeita?
Primeiramente, é importante lembrar que, embora graves, foram poucos os casos registrados de infecção pela fórmula contaminada, e nenhum deles no Brasil. Além disso, mesmo fazendo parte do lote produzido na fábrica de Sturgis, nos Estados Unidos, é possível que o produto não tenha sido prejudicado pela bactéria.
O pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Academia Americana de Pediatria (AAP), Odilo Queiroz, explica que, caso a criança tenha ingerido a fórmula sob suspeita, ou qualquer outro alimento que tenha risco de estar contaminado, os responsáveis devem comunicar o médico e ficar atento ao surgimento de sinais.
— Normalmente, em casos de intoxicação alimentar causadas por bactérias, a conduta é que os responsáveis fiquem vigilantes se o bebê vai apresentar ou não algum sintoma, principalmente aqueles gastrointestinais, como náuseas, vômitos, cólicas, diarreias, distensão abdominal. Só em casos de sintomas que é importante se dirigir ao pediatra ou à emergência mais próxima para que o bebê seja avaliado — afirma Queiroz.