
Nos últimos dias, a imagem de um músico tocando saxofone enquanto passava por uma cirurgia no cérebro ganhou as redes sociais. O procedimento foi realizado no Hospital Paideia Internacional, em Roma, na Itália, para a remoção de um tumor no cérebro.
O paciente de 35 anos, identificado apenas como C.Z, tocou o hino nacional da Itália, o tema do filme “Love Story” (1970), entre outras músicas. Antes da cirurgia, ele havia dito à equipe médica que preservar sua habilidade musical era essencial. Após nove horas de operação, a equipe, composta por dez profissionais, conseguiu remover completamente o câncer do paciente, sem comprometer suas funções neurológicas.
Em casos como esse, em que é necessário preservar alguma habilidade específica, não é incomum o paciente estar não apenas acordado, como realizando a tarefa que precisa ser preservada. Basta lembrar do caso da alemã Dagmar Turner. O vídeo dela tocando ao violino trechos de canções clássicas de George Gershwin, da Sinfonia No 5 de Gustav Mahler e de músicas de Julio Iglesias, viralizou no início de 2020. Mas toda vez que isso ocorre, é extraordinário.
Em comunicado, o neurocirurgião Christian Brogna, que realizou a cirurgia no saxofonista, explica que o cérebro de uma pessoa é muito diferente da outra. De acordo com o médico, o tumor estava localizado em uma área muito complexa do cérebro. Além disso, o paciente é canhoto. Segundo ele, isso torna as coisas mais complicadas porque as vias neurais do cérebro são muito mais complicadas.
“A cirurgia acordada permite mapear com extrema precisão as redes neuronais subjacentes às várias funções cerebrais, como brincar, falar, mover-se, lembrar, contar. O objetivo da cirurgia em vigília é remover o tumor cerebral ou uma malformação vascular, como cavernomas localizados, em áreas específicas do cérebro, preservando a qualidade de vida do paciente”, diz Brogna.
Cirurgia acordado
A cirurgia cerebral com o paciente acordado começou a ser realizada na medicina há cerca de trinta anos em pacientes com epilepsia. Inicialmente, a técnica era empregada para que os médicos pudessem garantir que a operação estava destruindo os trechos de tecido cerebral responsáveis pelas convulsões descontroladas.
Hoje, esse tipo de procedimento é empregado para diversas finalidades desde saber se um eletrodo está no lugar certo, no caso do tratamento de pacientes com Parkinson até para evitar lesões durante a retirada de tumores. Os benefícios desse tipo de cirurgia incluem redução do risco de sequelas graves, melhores resultados no tratamento e recuperação mais rápida. No caso do paciente italiano, a alta ocorreu apenas três dias após a operação.
Fonte: O Globo