
Você já reparou que crianças com alguma alergia tendem a desenvolver outras? Isso não é coincidência. De acordo com um estudo publicado recentemente na revista científica Pediatrics, a probabilidade de uma criança alérgica desenvolver uma segunda forma de alergia é muito maior do que na população em geral.
No trabalho, pesquisadores do Hospital Infantil da Filadélfia e da Universidade da Pensilvânia, ambos nos Estados Unidos, descreveram um fenômeno conhecido como “marcha alérgica”, caracterizado pelo padrão de desenvolvimento e progressão de alergias que começam na infância, até os 3 anos de idade.
Os pesquisadores analisaram dados de prontuários médicos de mais de 200 mil crianças, coletados entre 1999 e 2020 . Segundo eles, isso é importante relatos de alergias feitos pelos pais nem sempre são confiáveis. Eles podem tanto subestimar quando superestimar a condição de seus filhos.
Os resultados mostraram que a primeira alergia mais comum entre crianças é o eczema ou dermatite atópica, que tende a aparecer aos 4 meses de vida, em mais de 10% das crianças estudadas. Por volta dos 13 meses de idade, o estudo encontrou pico de alergias alimentares e asma. Amendoim, ovos e frutos do mar foram as alergias alimentares mais comuns em crianças.
Com pouco mais de 2 anos, aos 26 meses de idade, a rinite aguda apareceu em 19,7% das crianças. Aos 35 meses, alguns desenvolveriam esofagite eosinofílica, uma condição alérgica rara que causa inflamação no esôfago, como o quinto passo ao longo da marcha alérgica.
Além disso, o relatório mostrou também que mais de 13% das crianças tinham duas ou mais condições alérgicas, conhecidas como comorbidade. Por exemplo, mais de 40% daquelas com asma também tinham rinite e cerca de metade das pessoas com asma também tinham alergias alimentares.
As descobertas são úteis tanto para os pais quanto para os médicos, que podem monitorar as crianças que desenvolvem eczema no início da vida mais de perto para possíveis novas alergias mais tarde.
Também é importante ressaltar que muitas alergias que aparecem na infância tendem a desaparecer a medida que a criança envelhece. Então, crianças que apresentam mais de uma condição podem ficar sem nenhuma, com apenas uma ou, com todas, na vida adulta.
Para reduzir o risco de alergias, a intervenção e o diagnóstico precoces são fundamentais. O eczema, por exemplo, envolve a ruptura da camada mais externa da pele, para permitir que os alérgenos desencadeiem uma resposta imune. O tratamento ajuda a restaurar a barreira da pele e pode limitar o risco de desenvolver alergias ao longo da marcha alérgica.
Amamentação e minimização do uso de antibióticos em bebê também podem ajudar a desenvolver o microbioma interno de uma criança e reduzir o risco de alergias.
Fonte: O Globo