Em toda residência, é comum existir um cantinho para a “farmácia pessoal”, onde há medicamentos de uso comum. Todavia, nem toda medicação adquirida é consumida.
Remédios para tratar quadros específicos, como antibióticos, por exemplo, com frequência sobram, ultrapassam a data de validade e tornam-se inviáveis para o consumo. Logo, surge a pergunta: qual destino dar para aos comprimidos e pílulas que já venceram?
Problemas do descarte incorreto
É comum que pílulas fora do prazo de validade sejam descartadas incorretamente na pia, no lixo comum ou no vaso sanitário – lugares onde nunca deveriam ser despejadas.
A farmacêutica Isabela Silverio, coordenadora de farmácia do Hospital de Clínicas do Ingá, explica os riscos. “Quando os medicamentos vencidos são descartados na pia ou no vaso sanitário, eles contaminam a água e prejudicam o meio ambiente”.
O destino final de fármacos fora da validade é um tema preocupante: uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia realizada em 2019, via Instituto Datafolha, mostrou que 76% dos entrevistados já descartaram incorretamente resíduos de remédios.
Os resultados da pesquisa indicam um problema ambiental grave, já que o Brasil ocupa a sexta posição entre os 10 países que mais consomem medicamentos no mundo. De acordo com dados do Conselho Federal de Farmácia, no país existe uma drogaria para cada 3.300 habitantes.
Além da contaminação hídrica, os comprimidos descartados na pia ou no vaso sanitário colocam em risco gravíssimo a vida dos seres aquáticos, como tartarugas, caranguejos e peixes.
“Diversos estudos já demonstraram alterações genéticas em animais marinhos devido ao descarte incorreto de medicamentos, como antibióticos, hormônios e anticoncepcionais”, pontua Isabela Silverio.
Toda a biodiversidade marinha é colocada em risco devido a esses danos genéticos irreversíveis. Ademais, essa poluição por resíduos pode afetar as cadeias alimentares, chegando até nós, seres humanos, que corremos o risco de ingerir carne de um animal contaminado.
“Descartar os medicamentos no lixo comum também irá causar sérios danos ao meio ambiente, pois contamina o solo e os lençóis freáticos. Há também o risco de contaminação humana acidental. É possível que quem está em contato com esse lixo use os comprimidos após encontrá-los”, exemplifica Isabela Silverio.
Onde descartar remédios?
“Já que não podemos descartar na pia e nem no lixo comum, a forma adequada é procurar um local apto para receber esses medicamentos. No Brasil, diversas redes de drogarias contam com postos para descarte de resíduos de remédios. Verifique a farmácia da sua região”, elucida Isabela Silverio.
Outra opção é checar no site da iniciativa Descarte Consciente qual é o Posto de Coleta mais próximo da sua casa. Basta apenas preencher o número do CEP da sua residência e descobrir onde você pode descartar a medicação vencida de forma correta.
Embora o mercado farmacêutico seja amplo no Brasil, o país ainda não conta com uma legislação que regule efetivamente o descarte de resíduos fármacos, conforme relata Isabela Silverio. “Infelizmente ainda não possuímos uma lei que ampare essa questão e exija o recolhimento desses resíduos pelas próprias indústrias”.
As iniciativas de descarte consciente são de enorme importância para o meio ambiente e até mesmo para a saúde humana, de acordo com Isabela Silverio. A especialista em farmácia alerta também que o consumidor deve atentar-se ao estado e à data de vencimento dos medicamentos que tem em casa.
Medicamentos vencidos ou que apresentam um aspecto diferente de quando foram adquiridos jamais devem ser utilizados. Além do descarte correto, não há nenhuma hipótese de uso para remédios fora da data de validade.
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