
Em conversa com Bruna Griphao no BBB 23, a médica Amanda Meirelles relatou que além de arrancar os fios dos cabelos, já chegou a usar uma pinça para tirar os pelos dos braços. A falha no couro cabeludo da participante foi notada pela cantora Aline Wirley. A sister então pediu que Amanda não fizesse mais isso e a médica respondeu pedindo um abraço.
O comportamento de arrancar impulsiva e repetidamente os fios dos cabelos ou pelos de outras partes do corpo é chamado tricotilomania. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o ato pode ser consciente ou pode ocorrer de maneira automática sem que a pessoa tenha percepção do que está de fato fazendo.
A dermatologista Cintia Guedes, membro da SBD, explica que a desordem é comportamental e está fortemente associada à ansiedade e problemas emocionais. Tanto que a tricotilomania é classificada como transtorno de controle dos impulsos e faz parte do mesmo espectro do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
A principal consequência é a falha de pelos no local afetado. Mas também pode haver vermelhidão, infecções graves e até mesmo cicatrizes. Em 5 a 20% dos casos, a condição evolui para a tricofagia, quando a pessoa passa a ingerir os fios após arrancá-los. No longo prazo, isso pode levar a um quadro de obstrução do trato digestivo pelo acumulo de cabelo ingeridos.
A causa da tricotilomania ainda não foi totalmente definida. Fatores genéticos, neurobiológicos e comportamentais podem estar envolvidos no aparecimento da desordem. O distúrbio pode ter início na adolescência, entre 11 e 15 anos. Nessa faixa etária, afeta meninos e meninas de maneira igual. Na idade adulta, as mulheres são mais acometidas, em uma proporção de quatro mulheres para um homem.
Como é uma questão dermatológica que envolve gatilhos emocionais, o tratamento deve ser multidisciplinar e contar com dermatologista, psicólogo e psiquiatra, a depender da origem do gatilho emocional. Em casos de ansiedade e depressão, por exemplo, pode ser necessário o uso de medicamentos. A terapia cognitivo-comportamental, em que a pessoa aprende a identificar os gatilhos e a lidar com eles, costuma ser útil para pacientes com o quadro.
Fonte: O Globo