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Cientistas desvendam inesperado efeito protetor da glândula timo

A glândula timo, que fica na parte superior do tórax, pode ser crítica para a saúde dos adultos, ajudando a prevenir câncer e até doenças autoimunes. É o que mostra um estudo publicado em 3 de agosto no periódico New England Journal of Medicine.

O timo produz células T imunológicas antes do nascimento e durante a infância, mas costuma ser não funcional em adultos. Às vezes, a glândula é removida durante cirurgia cardíaca para facilitar o acesso ao coração e aos principais vasos sanguíneos.

Mas médicos do Hospital Geral de Massachusetts (MGH), nos Estados Unidos, descobriram um possível efeito protetor da glândula para a saúde. A equipe avaliou o risco de morte, câncer e doenças autoimunes entre 1.146 adultos que tiveram a glândula removida em uma timectomia.

A equipe também estudou os mesmos fatores em outros 1.146 pessoas demograficamente pareados que passaram por uma cirurgia cardiotorácica semelhante, só que sem timectomia. Os cientistas então mediram a produção de células T e os níveis sanguíneos de moléculas relacionadas ao sistema imune em um subgrupo de voluntários.

A taxa de mortalidade cinco anos após a cirurgia entre os participantes que fizeram timectomia foi de 8,1%, enquanto apenas 2,8% daqueles que não tiveram a glândula removida morreram. Isso significa que a remoçãoacarretou um risco 2,9 vezes maior de morte.

No mesmo período, 7,4% dos pacientes que passaram pela timectomia desenvolveram câncer, em comparação com 3,7% dos indivíduos do grupo de controle. Ou seja, houve um risco duas vezes maior de tumores naquelas pessoas com o timo removido.

“Ao estudar pessoas que tiveram seu timo removido, descobrimos que ele é absolutamente necessário para a saúde”, salienta David T. Scadden, autor sênior da pesquisa e diretor do Centro de Medicina Regenerativa do MGH, em comunicado. “Isso indica que as consequências da remoção do timo devem ser cuidadosamente consideradas ao considerar a timectomia”.

Mais de cinco anos depois, a taxa de mortalidade no grupo dos passaram pela timectomia era maior do que na população geral dos EUA (9,0% vs. 5,2%). A morte por câncer também foi maior (2,3% vs. 1,5%).

Os pesquisadores não descobriram um risco maior de doença autoimune em quem teve o timo removido ao longo do estudo. Eles observaram isso quando pacientes que tiveram infecção, câncer ou doença autoimune antes da cirurgia foram excluídos da análise.

Após essa exclusão, 12,3% dos voluntários do grupo da timectomia tiveram doença autoimune em comparação com 7,9% do grupo controle. Isso sugere um risco 1,5 vez maior desse tipo de doença.

Conforme a análise de um subgrupo que teve a produção de células imunes medidas, as pessoas que se submeteram à timectomia tiveram menor produção de novas células T e níveis mais elevados de moléculas pró-inflamatórias no sangue.

O próximo passo dos pesquisadores será avaliar como diferentes níveis de função do timo em adultos afetam a saúde. “Podemos testar o vigor relativo do timo e definir se o nível de atividade do timo, e não apenas se está presente, está associado a uma saúde melhor”, diz Scadden.

Fonte: Agência Brasil

Foto: Mayo Foundation

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