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Cientistas estudam método contraceptivo que mantém sêmen como gel

Pesquisadores criaram um método contraceptivo feminino que interrompe a liquefação do sêmen, fazendo com que a secreção mantenha a textura de um gel espesso e não se torne líquida. A invenção foi descrita em um artigo científico publicado na revista Biology of Reproduction, no último dia 29 de janeiro.Normalmente, o sêmen se liquefaz para que se espalhe pelo sistema reprodutivo da mulher e ocorra a fertilização do óvulo. Porém, quando ele permanece como gel, a maioria dos espermatozoides fica presa, evitando que cheguem aos óvulos. Isso significa que bloquear a liquefação pode ser um caminho contraceptivo.

A equipe liderada por experts da Universidade Estadual de Washington (EUA) investigou meios de realizar o bloqueio primeiro em camundongos. O grupo trabalha no contraceptivo desde 2015, depois que se descobriu acidentalmente em outra pesquisa que algumas roedoras fêmeas não conseguiam engravidar. Ao averiguarem isso, os pesquisadores concluíram que a gravidez era evitada quando o sêmen do macho permanecia mais sólido.

Em um estudo publicado em 2020, a equipe interrompeu de propósito a liquefação do esperma dos camundongos, utilizando um inibidor de protease chamado AEBSF. Com isso, eles reduziram o movimento do sêmen e a fertilidade.

Na nova pesquisa, os cientistas usaram finalmente amostras humanas da secreção, confirmando que o AEBSF tem efeito contraceptivo. Porém, eles não sabiam se isso era devido a sua toxidade, então usaram um anticorpo para inibir o antígeno específico da próstata (PSA), a principal proteína ativa na liquefação do sêmen.

O PSA é fabricado em grandes quantidades pela próstata e está presente em humanos, mas não em camundongos. Após a ejaculação, o antígeno atua nas proteínas formadoras de gel chamadas semenogelinas, conforme conta Prashanth Anamthathmakula, primeiro autor da pesquisa.

“As semenogelinas criam uma rede tipo gel com uma fina malha de proteínas que prende o esperma”, detalha Anamthathmakula, em comunicado. “O PSA cliva essa malha e o esperma fica livre”, completa.

O anticorpo utilizado pelos cientistas pôde inibir o PSA, bloqueando a liquefação do sêmen. Agora eles querem identificar outros inibidores ainda mais específicos que impeçam efetivamente o antígeno de tornar o esperma líquido — e sem efeitos colaterais.Não hormonal, o novo método contraceptivo poderia evitar danos dos espermicidas atuais, que reduzem as barreiras naturais da vagina contra infecções sexualmente transmissíveis, como a aids. Contraceptivos à base de hormônios, como DIUs e pílulas anticoncepcionais, também têm diversos efeitos colaterais.

A ideia do novo método é que ele seja facilmente acessível e disponível nas prateleiras das farmácias, segundo Joy Winuthayanon, autora sênior do estudo.“Pode ser usado em combinação com um preservativo para reduzir significativamente a taxa de falha”, avalia.

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