Ciprofloxacino: o que é, para que serve e os efeitos adversos

Conhecido desde a década de 1980, o ciprofloxacino é um antibiótico utilizado em infecções causadas por bactérias e que acometem muitos sistemas do corpo como os tratos respiratório, urinário e reprodutor, além de ouvidos, olhos, pele, entre outros.

O que é ciprofloxacino?

Trata-se de um antibiótico da classe das fluoroquinolonas, que é considerado de amplo espectro porque pode ser utilizado no combate de diferentes bactérias. Descrito como fármaco de segunda geração, ele deu origem a outros do mesmo tipo.

Dadas as suas características, ele só deve ser vendido sob prescrição médica.

Para que ele é indicado?

Como possui ampla utilização, esse fármaco é considerado seguro. Contudo, é importante que você faça o uso racional desse remédio, ou seja, utilize-o de forma apropriada, na dose certa e pelo tempo prescrito pelo seu médico.

O ciprofloxacino, em geral, é indicado no tratamento de infecções bacterianas do trato urinário e respiratório. Além disso, ele poderá ser utilizado quando outros antibióticos não surtiram o efeito desejado, e também nas seguintes doenças e condições:

IST (Infecção Sexualmente Transmissível), como a gonorreia

Infecções de pele, óssea, nas articulações ou no ouvido

  • Prostatite
  • Infecções gastrointestinais
  • Antraz
  • Sinusite
  • Infecções oculares (conjuntivite/blefarite)
  • Infecções generalizadas (septicemia)

Os médicos também podem indicá-lo em outros quadros, como em mordidas de animais, na doença da arranhadura do gato, câncer, cólera, endocardite, meningite etc. Esses usos não constam da bula, por isso são chamados de off-label.

Entenda como ele funciona

Ao ser usado pela via oral, ele é bem absorvido pelo trato gastrointestinal, se distribui bem pelo corpo e, depois, é excretado pela via renal. Seu efeito já tem início entre 1 e 2 horas. A explicação é de Camila Klocker Costa, professora do curso de farmácia da UFPR. “Quanto ao seu mecanismo de ação, ele inativa uma enzima das bactérias que é fundamental para que elas se repliquem. Esse efeito bactericida atua sobre as bactérias gram-negativas [como a Escherichia coli e a Salmonella spp.], mas também sobre contra as gram-positivas [Staphylococcus saprophyticus]”, esclarece a especialista.

Conheça as apresentações disponíveis

Cipro® é um exemplo de marca de referência do ciprofloxacino. Mas você também pode encontrar as versões genéricas. Confira as apresentações disponíveis:

  • Comprimidos – 250 mg e 500 mg
  • Solução injetável (uso hospitalar) – 2 mg
  • Pomada oftálmica – 3,5 mg
  • Solução otológica – 3 mg/5 mg

Algumas apresentações do medicamento constam da Rename 2020 (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) e, portanto, ele tem distribuição gratuita em todas as UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Para ter acesso à medicação, basta apresentar a receita médica. A depender da doença, o tempo de uso do medicamento pode variar. Há casos, como na prostatite ou infecções ósseas, que a terapia pode durar de 4 a 6 semanas. De modo geral, o uso é de 5 a 7 dias.

Quais são as vantagens e desvantagens do seu uso?

Renata Carriço de Lima Menezes, especialista em clínica médica e professora da Faculdade de Medicina do UNINASSAU/CMH, considera vantajosas as diferentes apresentações. Isso permite que um paciente internado, uma vez liberado, possa seguir seu tratamento em casa. Além disso, ela destaca a possibilidade de cobrir diferentes doenças ao mesmo tempo, como infecções de pele e intestinal.

Por outro lado, a médica comenta que a maior desvantagem é que, nos últimos tempos, tem-se evitado o uso dessa classe de medicamentos devido os possíveis efeitos colaterais. “Ela têm sido associada a problemas no SNC (Sistema Nervoso Central), como o delirium [confusão mental] em idosos, rotura de tendões e lesões na cartilagem, principalmente na população pediátrica, sem falar nos distúrbios cardíacos”, acrescenta.

Por que interromper o tratamento por conta própria é perigoso?

O medicamento deve ser ingerido na forma prescrita pelo médico, sem interrupção do esquema de doses antes do final do tratamento. O uso de antibióticos deve ser regido pelas seguintes regras: ter prescrição médica; respeito às orientações do profissional quanto ao esquema de doses e o tempo de tratamento —mesmo quando os sintomas melhoram em poucos dias.

A eventual melhora não significa que a bactéria desapareceu. Ela continua lá, mas em menor quantidade. Esquecer de tomar uma dose na hora certa ou interromper a terapia antes do tempo estabelecido dá oportunidade à replicação das bactérias. A consequência pode ser a resistência bacteriana, ou seja, quando você precisar usar um antibiótico novamente, ele não terá o efeito desejado.

Saiba quais são as contraindicações

O ciprofloxacino não pode ser usado por pessoas que sejam alérgicas (ou tenham conhecimento de que alguém da família tenha tido reação semelhante) ao seu princípio ativo ou a qualquer outro medicamento da mesma classe, bem como a algum componente de sua fórmula. Fique também atento se você se identifica com alguma das seguintes situações:

  • Gravidez
  • Amamentação
  • Diabetes
  • Problemas nos rins
  • Epilepsia ou outra condição que possa causar convulsão
  • Doença em algum tendão
  • Artrite reumatoide
  • Hipertensão (pressão alta) descontrolada
  • Infecção cardíaca
  • Arritmia (qualquer tipo)
  • Miastenia (fraqueza muscular)

Crianças e idosos podem usá-lo?

O ciprofloxacino tem indicação para crianças, mas somente a partir dos 5 anos de idade e em casos especiais, como o da fibrose cística causada por P. aeruginosa. A advertência do próprio fabricante é que ela seja usada nesse grupo somente quando não houver outra alternativa. Os idosos também podem se beneficiar do medicamento, com a ressalva de que ele deve ser utilizado na menor dose possível. O objetivo é reduzir o risco de efeitos colaterais —como o delirium e a rotura de tendão— bem como interações medicamentosas em pessoas que já tenham a saúde debilitada seja pela idade, seja por doenças crônicas.

Estou grávida e pretendo amamentar. Posso usar o ciprofloxacino?

O fabricante contraindica o uso na gestação e durante a lactação porque não há estudos científicos que garantam segurança para o feto e o bebê.

Apesar disso, os médicos poderão utilizá-lo em situações nas quais o medicamento seja indispensável e não hajam alternativas disponíveis —sempre analisados o risco e o benefício da terapia para a paciente.

Qual é a melhor forma de consumi-lo?

A melhor forma de ingerir os comprimidos é com água, o que pode ser longe ou perto das refeições.

Existe uma melhor hora do dia para usar esse medicamento?

Você deve seguir as orientações de seu médico. Contudo, pode combinar com ele que o uso do fármaco ocorra em horários que se adaptem à sua rotina.

O que faço quando esquecer de tomar o remédio?

Tome assim que lembrar e reinicie o esquema de uso do medicamento. É desaconselhado tomar doses em dobro de uma vez para compensar a dose que foi esquecida.

Se você é daqueles que sempre se esquecem de tomar seus remédios, use algum tipo de alarme para lembrar-se.

Quais são os possíveis efeitos colaterais?

Este medicamento é considerado bem tolerado, seguro e eficaz quando utilizado com supervisão e de acordo com as orientações médicas. Apesar disso, algumas pessoas poderão observar as seguintes manifestações (estes são alguns exemplos):

Comuns

  • Náusea
  • Diarreia
  • Paladar alterado
  • Dor abdominal
  • Dor de cabeça
  • Tontura
  • Agitação

Raras

  • Inchaço nos pés, tornozelo ou abdome
  • Falta de ar
  • Mudanças na visão
  • Perda ou mudança no paladar, olfato e audição
  • Arritmia
  • Zumbido
  • Ansiedade
  • Insônia
  • Fadiga
  • Dor ou formigamento (especialmente nas pernas e nos braços)
  • Dor ou inchaço nas articulações ou tendões

Interações medicamentosas

Alguns medicamentos não combinam com o ciprofloxacino e podem alterar, reduzir ou potencializar efeitos, mesmo os colaterais. Avise seu médico se estiver consumindo algum dos seguintes fármacos (esta lista são apenas alguns exemplos):

  • Inibidores da bomba de prótons (como o omeprazol)
  • Anticoagulantes (varfarina)
  • Antimetabólico de folato (metotrexato)
  • Antiepilépticos/Anticonvulsivantes (fenitoína, gabapentina)
  • Esteroides (prednisolona)
  • Broncodilatadores (aminofilina, albuterol)
  • Analgésicos (paracetamol)
  • Antidepressivos (trazodona)
  • Opioides (tramadol)
  • Hormônios sintéticos (levotiroxina)
  • Antidiabéticos (metformina)
  • Inibidor da enzima de conversão da angiotensina (lisinopril)
  • Estatinas (atorvastatina) Diurético (furosemida)
  • AINEs – Anti-inflamatórios não Esteroidais (ibuprofeno)
  • Antimicrobiano (metronidazol)
  • Anti-hipertensivo (amlodipina)

Fale também com um médico, farmacêutico ou até o cirurgião antes de usar esse medicamento se você faz uso contínuo de algum fitoterápico, suplemento ou vitaminas. “Isso porque produtos que contêm magnésio, alumínio, cálcio e ferro podem interferir na absorção do ciprofloxacino na corrente sanguínea, reduzindo sua eficácia”, adverte Danyelle Cristine Marini, diretora do CRF-SP. A especialista sugere ainda evitar o uso de multivitamínicos com minerais durante o tratamento com ciprofloxacino.

Fonte: UOL

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