Como usar seu smartwatch para cuidar do coração?

Eles chegaram para ficar e caíram nas graças dos praticantes de esportes e até daqueles que têm menos preocupações com a performance, mas buscam um incentivo extra para as atividades físicas. Estou falando dos smartwatches (relógios inteligentes) e rastreadores de condicionamento (rastreadores de fitness), dispositivos digitais capazes de monitorar e reunir informações sobre o quanto e como estamos nos movendo ou nos exercitando.

Além de dados básicos de atividades diárias, como quantidade de degraus ou lances de escada, número de passos e quilômetros percorridos, dependendo do modelo e tipo de aparelho, pode ainda trazer informações mais técnicas e direcionadas especificamente a certas práticas esportivas.

O fato é que hoje estes dispositivos colaboram para criar ou manter um estilo de vida saudável. E mais do que isso: podem ser aliados da saúde do coração. Especialmente quando associados ao celular ou aplicativos, possibilitam, por exemplo, monitorar a frequência cardíaca, a pressão arterial, os níveis de colesterol, de glicose no sangue (diabetes), a qualidade do sono e o gerenciamento do peso, fatores importantes no controle do risco de eventos cardiovasculares.

Como eles funcionam no controle de batimentos

Durante muito tempo, medir o ritmo cardíaco significava usar uma cinta torácica. Hoje, elas avançaram tecnologicamente e seguem disponíveis no mercado, porém, muitos já as substituíram por monitores óticos, tanto de pulso (que ficam na parte inferior dos relógios inteligentes) quanto na forma de unidades autônomas, destinados para uso no antebraço ou bíceps (rastreador fitness). No caso da medição dos batimentos, ambos (faixa torácica e monitores óticos) fazem a mesma coisa, no entanto de maneiras bem diferentes.

Os sensores óticos usam a luz para aferir a frequência cardíaca. Para isso, emitem através da pele uma luz de baixa intensidade para os vasos sanguíneos. Desta forma, leem as flutuações no fluxo sanguíneo, ou seja, detectam as mudanças no volume de sangue que ocorrem cada vez que o coração bate e bombeia o líquido pelo corpo.

Já o cinto peitoral utiliza eletrodos pressionados contra a pele e eletrocardiografia para registrar a atividade elétrica do coração. A maioria apresenta uma cápsula destacável que abriga o hardware para transmitir os sinais ANT+ e bluetooth, uma bateria e, às vezes, acelerômetros, giroscópios e memória ? capaz de gravar métricas de execução e até mesmo atividades completas.

Você deve estar se perguntando: mas qual deles é melhor?

Quando pensamos na precisão dos dados, as cintas saem na frente. Estudos apontam que elas têm aproximadamente 99% de precisão quando comparadas a um eletrocardiograma tradicional (ECG) – exame que avalia os impulsos elétricos que fazem o coração pulsar.

O ECG faz o monitoramento a partir de 12 locais diferentes do corpo, possibilitando reunir informações suficientes para localizar uma anomalia em determinada área do coração. Neste ponto, no caso dos monitores óticos, eles não são capazes de realizar uma análise tão completa, mesmo assim, funcionam como uma ferramenta auxiliar de acompanhamento.

Já no quesito conforto, os modelos de pulso são mais práticos e fáceis de usar quando comparados com as cintas. Os monitores de frequência cardíaca presos ao peito podem incomodar ou até deslizar para baixo no decorrer de um exercício.

Vale destacar também que os eletrodos dos cintos peitorais necessitam de um pouco de umidade para captar os pulsos elétricos que vêm do coração. Por isso, talvez precisem de alguns minutos para iniciar o monitoramento até que o usuário comece a suar. O suor é, inclusive, um aspecto que interfere negativamente por provocar falhas neste tipo de equipamento. A constante exposição ao suor pode corroer suas partes – o que inclui até o ponto de sinal dos eletrodos. A durabilidade de cada um dos aparelhos vai depender muito dos cuidados individuais.

Pontos positivos do uso dos dispositivos

Mesmo para aqueles que não buscam os dispositivos para performance esportiva, suas funções e dados podem incentivar hábitos saudáveis, como movimentar-se mais ao longo do dia, nem que sejam pequenas caminhadas em casa ou no trabalho – muitas vezes o usuário é estimulado a andar para atingir suas metas de passos diários.

Há quem passe a incluir alternativas para elevar o nível ou a quantidade de atividade na rotina e, desta forma, melhorar o condicionamento físico a partir de pequenas mudanças positivas para a saúde, como ter o alerta ativado para notificações sempre que estiver muito tempo sentado, incluir mais o uso de escadas ao invés do elevador ou estacionar distante do destino.

Pesquisas apontam que os rastreadores de fitness e os relógios inteligentes são úteis também para ajudar as pessoas a mudarem pensamentos e atitudes sobre sua capacidade na prática de exercícios. Com o monitoramento, elas percebem que são capazes de ir além do que imaginavam.

O relevante aqui é entender que monitorar certos aspectos e estimular hábitos que inibem fatores de risco para o coração, especialmente para quem já têm predisposição a problemas cardíacos, pode evitar complicações sérias, como um acidente vascular cerebral (AVC) ou mesmo um infarto.

Ainda no caso da saúde cardiológica, alguns aplicativos mais específicos, combinados aos dispositivos digitais, conseguem acompanhar e detectar, por exemplo, arritmias cardíacas, como a fibrilação atrial, uma condição potencialmente grave que desencadeia batimentos irregulares.

Vale destacar, por fim, que alguns sensores óticos possibilitam captar métricas até mais avançadas, como o oxigênio do sangue – algo relevante que tem vindo à tona por conta da pandemia do coronavírus.

Sem exageros!

Se por um lado temos muitas vantagens neste tipo de tecnologia, devemos também alertar sobre seus pontos negativos. E isso tem muito mais a ver com a forma com que usamos os dispositivos do que efetivamente ao que eles podem nos causar.

O grande problema aqui é o excesso. Alguns especialistas se preocupam com o estímulo gerado para comportamentos viciantes e até mesmo para o vício do exercício.

São exemplos de pessoas que checam o desempenho para metas estabelecidas obsessivamente, desencadeando quadros de ansiedade e irritação quando não conseguem atingi-las; definem objetivos diários cada vez mais irreais, sobrecarregando o corpo, além de ficarem presas as falhas em vez de se concentrar em seu progresso, sentindo-se cada vez menos motivadas.

A prática regular de exercícios contribui para o bem-estar físico e mental, auxilia no controle da obesidade, pressão e diabetes, redução do estresse, entre outros benefícios para a saúde cardiovascular. Porém, caso realizada de maneira excessiva, tem a chance de trazer problemas.

Quando em demasia, pode causar dificuldade para dormir ou distúrbios do sono e maus hábitos alimentares. O resultado é o possível aumento do ritmo cardíaco em repouso, desidratação, assim como outros malefícios. Se o órgão é exigido demais, reage de diversas formas para voltar ao seu estado normal. Há ainda consequências como lesões, dor muscular, oscilações de humor ou irritabilidade, fadiga e cansaço, esgotamento e a necessidade de períodos de descanso mais longos.

Por isso, precisamos ter em mente que prestar atenção ao ritmo cardíaco e obter dados destes aparelhos é útil e colabora para um comportamento mais saudável, entretanto não deve nunca anular a observação e o respeito aos sinais transmitidos pelo corpo.

O automonitoramento é uma das estratégias fundamentais para a saúde cardiovascular, mas, como vimos, nem todos os dispositivos têm leituras 100% precisas, o que pode levar a um diagnóstico errôneo. A recomendação é ter os smartwatches e rastreadores de fitness como aliados, ferramentas que vão nos auxiliar a entender e acompanhar o funcionamento do nosso organismo.

 

Fonte: Minhavida.com

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