
Em um artigo publicado em 19 de outubro de 2022 no periódico Nature, uma equipe de pesquisadores de várias instituições chinesas conseguiu isolar um tipo de bactéria que decompõe nicotina e é encontrada em camundongos. No estudo, o grupo descreve como isolou o microrganismo e como a descoberta pode reduzir a incidência de doença hepática gordurosa não alcoólica em humanos.
A relação do tabagismo com a doença hepática gordurosa se dar pelo fato de que, quando as pessoas fumam, uma parte da nicotina chega ao sistema digestivo, aumentando o risco de desenvolver a enfermidade, que está associada a alguns casos de câncer de fígado.
Segundo comunicado da Universidade de Pequim, que participou da pesquisa, o estudo descobriu que a nicotina acumulada no intestino durante o tabagismo promove a progressão de um efeito molecular que produz a doença hepática gordurosa não alcoólica. Essa evolução ocorre por meio da interação do intestino e do fígado com o tabaco.
A bactéria identificada, chamada Bacteroides xylanisolvens, decompõe a nicotina no intestino dos camundongos, assim reduzindo a probabilidade de desenvolver a doença hepática. Além da associação com essa enfermidade, o ato de fumar está comumente atrelado a doenças pulmonares.
Para o trabalho, os pesquisadores analisaram a quantidade de nicotina que chegou ao intestino de 30 humanos fumantes e 30 não fumantes por meio de amostras de fezes. Depois, eles analisaram fezes de camundongos que receberam nicotina ou não.
Após a primeira avaliação, os pesquisadores esterilizaram as entranhas de alguns dos ratos de laboratório e reavaliaram a nicotina. Com esse processo, os profissionais descobriram que os camundongos com intestinos esterilizados tinham mais nicotina em seus sistemas, o que era um indício que havia um tipo de bactéria intestinal que estava quebrando a nicotina.
Realizando um processo de eliminação de bactérias, testando uma por uma, eles foram capazes de rastrear a Bacteroides xylanesolvens, responsável por produzir um tipo de enzima que quebra a substância do cigarro.
Em pesquisas anteriores, essa bactéria também foi identificada no intestino humano. Os próximos passos da equipe é entender como a bactéria produz enzimas que quebram a nicotina e se elas podem ser produzidas comercialmente e administradas a fumantes. Assim, as chances de um fumante desenvolver doença hepática gordurosa e, por extensão, câncer fígado diminuem.
Fonte: Revista Galileu