
Em agosto de 2022, morreu o apresentador, dramaturgo e humorista Jô Soares, que estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, mas não teve a causa da morte revelada na época.
O site Notícias da TV teve acesso à certidão de óbito do artista quatro meses depois, revelando que ele faleceu devido a complicações de obesidade, que comprometeram parte de seu sistema interno.
Mais precisamente, o documento emitido no 34º Cartório de Registro Civil de São Paulo, descreve que Soares morreu na madrugada de 5 de agosto deste ano, aos 84 anos de idade, por insuficiência renal e cardíaca, estenose aórtica e fibrilação arterial.
Flavia Pedras, sua ex-mulher, escreveu uma nota de pesar no Instagram, onde disse que o funeral do apresentador seria para apenas amigos e familiares.
“Agradeço aos senhores Tempo e Espaço, por terem me dado a sorte de deixar nossas vidas se cruzarem”, afirmou Pedras. “Obrigada pelas risadas de dar asma, por nossas casas do meu jeito, pelas viagens aos lugares mais chiques e mais mequetrefes, pela quantidade de filmes, que você achava uma sorte eu não lembrar pra ver de novo, e pela quantidade indecente de sorvete que a gente tomou assistindo”, recordou a ex.
“Obrigada para sempre, pelas alegrias e também pelos sofrimentos que nos causamos. Até esses nos fizeram mais e melhores. Amor eterno, sua, Bitika”, finalizou.
Estenose aórtica
Os rins de Jô Soares perderam a capacidade de realizar funções básicas como equilibrar e remover os fluidos do organismo devido à insuficiência renal. O coração também passou a não bombear sangue suficiente por causa da insuficiência cardíaca.
A válvula aerótica do órgão cardíaco do apresentador, entre o ventrículo esquerdo e a aorta, sofreu um distúrbio que fez com que ela ficasse estreitada, chamado de estenose aórtica.

Jô Soares no Provoca, programa de Marcelo Tas na TV Cultura — Foto: Provoca/Reprodução/Youtube
Segundo o Manual MSD de doenças, nesse quadro, “a parede muscular do ventrículo esquerdo geralmente se torna mais espessa à medida que o ventrículo trabalha mais para bombear sangue através da abertura estreitada da válvula para a aorta”.
O músculo cardíaco mais espesso exige cada vez mais sangue das artérias coronarianas. Às vezes, o fornecimento de sangue não atende às necessidades deste músculo. O suprimento insuficiente pode fazer o tecido muscular enfraquecer, o que leva à insuficiência cardíaca. Outros efeitos também são aperto torácico, desmaio e até morte súbita.
Fibrilação arterial
Soares também teve fibrilação arterial (FA), “uma arritmia cardíaca caracterizada pela completa desorganização da atividade elétrica dos átrios (câmaras superiores do coração) e consequente perda da contração atrial”, conforme explica Guilherme Costa, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Em pacientes com fatores de risco como velhice, coração dilatado, pressão alta, diabetes, etc, a FA está associada a derrames e ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca. Segundo o médico, o quadro é responsável por 33% de todas as internações por arritmia e ocorre entre 1% e 2% na população geral.

Na 59ª edição do Troféu Imprensa, em 2017, Silvio Santos recebeu Jô Soares no palco. Jô levou 6 troféus para casa — Foto: Reprodução/Youtube/SBT
A condição pode causar palpitações, dor torácica, falta de ar, cansaço, tontura ou desmaio, mas também pode ser assintomática. Idosos costumam ter menos sintomas, enquanto pacientes com FA intermitente (início e término espontâneos) tendem a manifestar mais incômodos. Algumas vezes, o primeiro sintoma já é o derrame.
Tratamentos
De acordo com Costa, a maioria dos casos de FA podem ser tratados com medicamentos e mudanças no estilo de vida, como exercícios físicos e perda de peso, além do controle de condições predisponentes como apneia do sono. Também podem ser usados anticoagulantes para prevenir o AVC em pacientes com fatores de risco.
A ablação por cateter é, segundo o médico, uma ótima opção de tratamento, especialmente nos pacientes mais jovens e que apresentam sintomas. A abordagem mais empregada, de modo geral, é o isolamento elétrico das veias pulmonares, que pode ser obtido com a ablação por radiofrequência, na qual energia de radiofrequência é aplicada por um cateter.
Já em casos de estenose é feito um ecocardiograma periodicamente, em intervalos determinados pela gravidade, para monitorar a função do coração e das válvulas. Os assintomáticos devem consultar seu médico regularmente e evitar a prática de exercícios pesados, conforme o Manual MSD.
Em pessoas que têm estenose aórtica com sintomas (principalmente falta de ar ao esforço, dor no peito ou desmaio), ou se o ventrículo esquerdo começar a falhar, a válvula aórtica é substituída cirurgicamente. Antes da cirurgia, a insuficiência cardíaca é tratada com diuréticos.
Fonte: Revista Galileu
Foto: Reprodução/ YouTube