Em 2021, os centros de intoxicação dos EUA registaram 5.235 erros de medicação relacionados ao Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), o equivalente a um caso a cada 100 minutos — ou 1 hora e 40 minutos.
Publicado nesta segunda-feira (18) no periódico Pedriatrics, o estudo realizado por pesquisadores do Centro de Pesquisa e Política de Lesões e do Centro de Intoxicação do Hospital Infantil Nationwide, em Ohio, concluiu que houve um aumento de 299% nos erros médicos entre 2000 e 2021 envolvendo o transtorno.
A pesquisa foi feita com base em dados sobre a administração extra-hospitalar de remédios entre pessoas com menos de 20 anos. Os cenários mais comuns foram, respectivamente, medicação inadvertidamente administrada duas vezes; administração de remédios de outra pessoa e administração da medicação errada.
De acordo com o estudo, aproximadamente 93% das exposições ao erro ocorreram em casa, sendo que a faixa etária de 6 a 12 anos corresponde a 67% dos relatos. No total, foram registrados 87.691 casos envolvendo medicamentos para TDAH como a substância primária no período e faixa etária analisados.
Em 83% dos casos, as pessoas não foram tratadas em unidades de saúde. No entanto, 4,2% dos casos foram associados a resultados médicos graves, e algumas crianças apresentaram agitação, tremores, convulsões e alterações no estado mental. Pequenos com menos de 6 anos tiveram uma probabilidade duas vezes maior de apresentar consequências graves em comparação à faixa etária de 6 a 19 anos.
Uma estratégia para prevenção de erros como esse pode ser a transição de frascos de comprimidos para embalagens de dose unitária, como os blisters, que ajudam a lembrar se um remédio já foi tomado, sugere Gary Smith, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Lesões. “Como os erros de medicação para TDAH podem ser evitados, deve-se dar mais atenção à educação do paciente e do cuidador e ao desenvolvimento de sistemas aprimorados de distribuição e rastreamento de medicamentos resistentes a crianças”, destaca Smith, em comunicado.
Os dados do estudo foram retirados do National Poison Data System (NPDS), que reúne informações coletadas pelos centros de intoxicação por meio de chamadas telefônicas recebidas. Eles documentam dados sobre a pessoa exposta, tipo de medicamento, via de exposição, cenário e outros dados que são informados ao NPDS.
Diagnóstico
O TDAH está entre os transtornos de neurodesenvolvimento pediátricos mais comuns. Cerca de cinco a cada 100 crianças nos Estados Unidos recebem prescrição de medicamentos. Em 2019, quase 10% das crianças do país apresentavam o diagnóstico.
O aumento do número de erros de medicação relatados coincide com estudos que apontam um crescimento nos diagnósticos de TDAH entre crianças nos Estados Unidos nas duas últimas décadas, o que provavelmente está associado a um aumento do uso de medicamentos para o transtorno. É o que afirma na nota a diretora do Centro de Intoxicação de Ohio, Natalie Rine.
Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH é um transtorno neurobiológico de causas genéticas que aparece na infância com sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Seu diagnóstico é feito por meio de entrevista com profissional especializado, como psiquiatra, neurologista e neuropediatra.