Estudo internacional sugere adiar cirurgias por sete semanas ou mais após diagnóstico de covid

[São Paulo] – Um estudo internacional identificou aumento no risco de morbidade e mortalidade em procedimentos cirúrgicos realizados dentro de seis semanas após o diagnóstico de covid-19.  “Já temos comprovações científicas pré-pandemia que sugerem o adiamento da cirurgia em pacientes que apresentaram infecção respiratória em quatro semanas. Agora, com o estudo de coorte internacional, foi possível determinar o momento adequado de realizar o procedimento cirúrgico em pacientes com covid-19”, conta a professora Fabiana Cardoso Pereira Valera, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, e coautora do trabalho.

A pesquisa com 140 mil voluntários de 116 países avaliou o risco da mortalidade e complicações pulmonares nos 30 dias depois da realização da cirurgia e correlacionou com o intervalo de tempo entre o diagnóstico prévio de covid e a cirurgia. Os valores foram consistentes nos grupos de baixo risco, com menos de 70 anos ou pequenos procedimentos, e de alto risco, com mais de 70 anos ou grande cirurgia.

“Além de recomendar que os procedimentos sejam realizados após sete semanas, mostramos que os pacientes ainda assintomáticos no momento da cirurgia também podem se beneficiar de um adiamento maior. São resultados importantes pela quantidade de infectados em todo o mundo e a dificuldade de acesso à vacina em países de baixa e média renda.”

O artigo do grupo de pesquisadores CovidSurg, liderado por membros da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, foi publicado no dia 9 de março pela revista Anaesthesia, periódico da área de anestesiologia.

Antes da pandemia, já era conhecido pela comunidade médica que o adiamento de cirurgias em pacientes que tiveram infecções respiratórias era benéfico – Foto: Pixabay

 

Participação do Complexo Acadêmico de Saúde

A colaboração internacional contou com o Complexo Acadêmico de Saúde, que envolve o Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP), o Centro de Referência da Saúde da Mulher e os Hospitais Estaduais de Ribeirão Preto, de Serrana e Américo Brasiliense, todos no Estado de São Paulo. O estudo incluiu mais de 300 participantes de todo o Complexo, que foram submetidos a tratamento cirúrgico em outubro de 2020.

De acordo com a professora Fabiana, o estudo é muito importante para os cirurgiões de todo o mundo, especialmente no caso das cirurgias eletivas. “Diante da importância do tema, o convite pela Universidade de Birmingham foi prontamente atendido pelos pesquisadores envolvidos”, conta.

Para o professor Edwaldo Edner Joviliano, chefe do Serviço de Cirurgia Vascular e Endovascular do HCFMRP e coautor do trabalho, a participação neste estudo de grande repercussão reflete também a importância internacional da dimensão assistencial, com destaque para a produção cirúrgica, e o reconhecimento dos dados e das pesquisas realizadas.

“Contribuir com a sociedade com recomendações importantes para melhorar as estratégias de assistência em saúde está no DNA das instituições do Complexo e das internacionais participantes do estudo. Estamos muito otimistas de que novos estudos de qualidade possam vir e que essa colaboração internacional possa expandir cada vez mais, sempre em benefício das pessoas que precisam de assistência, contribuindo para atravessar esse momento tão difícil da forma mais rápida e segura possível”, finaliza o professor.

Além da professora Fabiana e do professor Joviliano, o trabalho conta com a autoria de professores e profissionais de todos os hospitais do Complexo Acadêmico de Saúde da FMRP, do HCFMRP e da Fundação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Assistência do HCFMRP (Faepa).

Entre os pesquisadores envolvidos, estão Roberto Cardoso, Edwin Tamashiro, Silvana Maria Quintana, Geraldo Duarte, Gustavo Urbano, Wilson Salgado Júnior, Elaine Christine Dantas Moisés, Ana Carolina Tagliati Mantovi, Caio Antonio de Campos Prado, Alice Gadotti Yasuda, Murilo de Lima Brazan, Giovana Sardi Venter, Hilda Satie Suto, Leonardo Santos Lima, Isis Gevenez Aleixo Andreotti, Thiago Henrique Sigoli Pereira, Gustavo Jardim Volpe, Carolina Lourenço Gomes dos Santos, Marília Veccechi Bijos Zaccaro, Maisa Cabete Pereira Salvetti e Antonio Antunes Rodrigues Junior.

Fonte: Jornal da USP

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