Fiocruz inicia estudo multicêntrico sobre Covid-19

[Rio de Janeiro] – A Fiocruz iniciou as atividades de recrutamento do Rebracovid, estudo multicêntrico de história natural do novo coronavírus Sars-CoV-2 no Brasil, que irá descrever a progressão ininterrupta do Covid-19 em indivíduos desde o momento da exposição até seu desfecho. A pesquisa estará presente em oito estados brasileiros e contará com a participação de 5 mil voluntários, divididos em quatro grupos. Envolverá seis unidades da Fundação e 13 outras instituições de pesquisa e saúde.

O Rebracovid é o primeiro estudo complementar da Rede de Pesquisa Clínica e Aplicada em Chickungunya (Replick), coordenada pela Fiocruz. Tem como objetivo caracterizar clinicamente a infecção por Sars-CoV-2 e descrever a história natural deste agravo, bem como acompanhar o período de pós-infecção para avaliar possíveis sequelas da doença. As informações serão coletadas de maneira sistemática e com representatividade regional, utilizando a rede de pesquisa da Replick nas cinco regiões geográficas do Brasil.

O pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), André Siqueira, que coordena a pesquisa, ressaltou que – por meio dos estudos multicêntricos – será possível representar os diferentes cenários nos quais a infecção ocorre e como as características podem impactar nos desfechos da doença.

De acordo Siqueira, por meio da investigação espera-se produzir evidências sobre a história natural da doença e fornecer elementos para reduzir o impacto da Covid-19 na saúde pública e economia. “No cenário atual é urgente que lacunas do conhecimento sejam preenchidas em tempo oportuno para impactar ainda nesta pandemia. Há uma diversidade importante de fatores relacionados à evolução da infecção, o que demonstra a necessidade de estabelecer coortes prospectivas que possam coletar informações e material biológico de forma sistemática”, explicou.

Além do INI/Fiocruz, o Rebracovid envolve outras unidades e escritórios da Fiocruz que atuam na área de pesquisa, como o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), a Plataforma de Medicina Translacional da Fiocruz (Ribeirão Preto/SP), o Instituto Gonçalo Moniz (Bahia), a Fiocruz Rondônia e a Fiocruz Mato Grosso do Sul.

Voluntários

Todos os participantes do estudo passam por avaliação clínica e laboratorial minuciosa, incluindo a testagem para infecções por vírus respiratórios e outras condições consideradas relevantes à pesquisa. Aqueles com diagnóstico confirmado de Covid-19 serão acompanhados pelas equipes nos centros do Rebracovid por até um ano. Serão também realizadas análises laboratoriais sofisticadas para melhor entender a resposta imune e inflamatória do corpo humano à Covid-19, bem como buscar testes que possam predizer o risco de um indivíduo evoluir para a forma grave ou não.

Biorrepositório

O estudo prevê a criação de um biorrepositório, que será constituído por um banco organizado de material biológico humano e suas informações associadas, coletados e armazenados para fins de pesquisa. “O biorrepositório Rebracovid contará com variados tipos de amostras, não só do participante, como também de seus contactantes, com o diferencial de que todas as informações clínicas estarão associadas às amostras, auxiliando na interpretação dos dados”, destacou Siqueira.

A coleção será composta por amostras de swab respiratório em meio de transporte viral (naso e orofaringe), soro, sangue total, amostras de sangue coletadas em tubo paxgene, além extratos de células mononucleares do sangue periférico. As amostras serão armazenadas no biorrepositório central do estudo, na Plataforma de Medicina Translacional da Fiocruz, em Ribeirão Preto/SP.

Teste Sorológico Rápido – Bio-Manguinhos

Considerando a variedade de kits de diagnóstico disponíveis no Brasil e a falta de análises científicas sobre a validade destes, o Rebracovid também avaliará o desempenho e aplicabilidade do teste rápido TR DPP® Covid-19 IGM/IGG, desenvolvido por Bio-Manguinhos/Fiocruz.

O DPP® Covid-19 será comparado a testes de resultados moleculares (RT-PCR), considerados o padrão ouro, bem como outros testes sorológicos não-rápidos. Desta forma, será possível constituir um biorrepositório de amostras, caracterizadas clinicamente, que possam ser compartilhadas para a avaliação de testes diagnósticos. “O apoio ao desenvolvimento do teste TR DPP® Covid-19 IGM/IGG – Bio-Manguinhos, poderá garantir autonomia nacional na produção futura de testes diagnósticos de qualidade”.

Fonte: Fiocruz

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