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Garota de 13 anos com câncer recebe tratamento inédito com células T editadas

A jovem britânica Alyssa, de 13 anos, sofre de leucemia linfoblástica aguda de células T, um tipo de câncer que é considerado “incurável” e atinge as células de defesa do organismo. O diagnóstico ocorreu em 2021, após um longo período do que sua família pensava serem resfriados, vírus e cansaço geral.

Naquele ano, a jovem recebeu a notícia de que, na verdade, se travada de um câncer. Então, ela passou por todas as terapias convencionais atuais, incluindo quimioterapia e transplante de medula óssea. Infelizmente, a doença não cedeu e não havia mais opções de tratamento disponíveis.

Alyssa teve uma nova chance em maio de 2022, quando se tornou a primeira paciente a receber células T editadas para tratar a doença. O caso foi relatado em 11 de dezembro pelo Great Ormond Street Hospital for Children (GOSH), de Londres, na Inglaterra, que conduziu o procedimento em colaboração com o Instituto de Saúde Infantil Great Ormond Street (GOS ICH)) da University College London (UCL).

A pré-adolescente foi a primeira participante inscrita no ensaio clínico para receber as células T geneticamente modificadas, que originalmente vieram de um doador saudável. Ela foi internada na Unidade de Transplante de Medula Óssea (BMT) do GOSH, onde obteve células editadas com uma nova tecnologia que permite que elas matem as células T cancerígenas sem atacar umas às outras.

A tecnologia inédita foi a edição de base, uma técnica de edição do genoma que converte quimicamente letras do código de DNA (bases de nucleotídeos únicos). Isso permitiu criar um novo tipo de terapia com células T quiméricas do receptor de antígeno (CAR-T), capazes de atacar as células cancerígenas.

Apenas 28 dias depois, Alyssa recebeu um segundo transplante de medula para restaurar seu sistema imunológico. Seis meses se passaram e ela está bem em casa, recuperando-se com sua família e continuando seu acompanhamento no GOSH.

Alyssa na companhia da mãe, Kiona — Foto: GOSH

Alyssa na companhia da mãe, Kiona — Foto: GOSH

Desde que Alyssa ficou doente em maio do ano passado, ela nunca conseguiu uma remissão completa. Somente após receber sua terapia com células e um segundo transplante de medula óssea que ela “se livrou da leucemia”, segundo nota Robert Chiesa, consultor em transplante de medula óssea e terapia com células CAR-T no hospital.

“Isso é bastante notável, embora ainda seja um resultado preliminar, que precisa ser acompanhado e confirmado ao longo dos próximos meses”, ele afirma, em comunicado.

De acordo com Kiona, mãe de Alyssa, a garota é muito madura a ponto de ser possível esquecer que ela é apenas uma criança. “Mas espero que isso possa provar que a pesquisa funciona e eles podem oferecê-la a mais crianças. Tudo isso precisa ter sido para alguma coisa”, diz.

A menina mostra querer voltar para a escola e, segundo a mãe, isso pode ser uma realidade em breve. Agora, os médicos pretendem recrutar até dez pacientes com leucemia de células T que esgotaram todas as outras opções de tratamento para passarem pela terapia com células editadas.

Se o teste for bem-sucedido, a opção pode começar a ser oferecida a crianças no início de seu tratamento e pode servir até para outros tipos de leucemia. “Estou muito honrada [de ter passado pelo tratamento]”, diz Alyssa, em vídeo do GOSH no Youtube. “Me faz sentir bem ter ajudado outras pessoas também”.

“Esta é uma grande demonstração de como, com equipes e infraestrutura especializadas, podemos vincular tecnologias de ponta no laboratório a resultados reais no hospital para os pacientes”, comenta Waseem Qasim, consultor imunologista no hospital. “É a nossa engenharia celular mais sofisticada até agora e abre caminho para outros novos tratamentos e, finalmente, melhores futuros para crianças doentes”.

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