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Gene ligado à Covid longa é encontrado em análise de milhares de pacientes

Uma equipe de pesquisadores parece ter obtido sucesso na missão de encontrar os fatores de risco genéticos ligados ao desenvolvimento de quadros de Covid longa. O trabalho indica como um dos possíveis responsáveis pelos casos prolongados da doença uma sequência de DNA perto do gene FOXP4, presente nos pulmões e em algumas células imunológicas.

Para chegar aos resultados apresentados, os cientistas utilizaram dados coletados em 16 países. Ao todo, a amostragem era de 6.450 pacientes diagnosticados com Covid longa. Por enquanto, o estudo foi lançado apenas como uma pré-impressão, sem revisão por pares.

À revista Nature, Hugo Zeberg, autor principal do artigo, sugere que o achado é “apenas o começo”. “Um grande número de dados é necessário para desvendar um distúrbio tão complexo quanto a Covid, que foi associada a mais de 200 sintomas, incluindo fadiga severa, dor nos nervos e dificuldades de concentração e memória”.

Genes de suscetibilidade

 

Desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020, diversas iniciativas têm procurado por sequências de DNA associadas ao risco de desenvolver quadros mais graves da doença. A equipe de Zeberg compilou dados de alguns desses estudos para chegar a suas conclusões.

Em uma análise que combinou informações de 11 pesquisas diferentes, os cientistas encontraram uma região específica do genoma que estava associada a um risco 1,6 vez maiores de desenvolver Covid longa. A variante também parece implicar uma maior expressão do FOXP4.

Estudos anteriores já haviam ligado o gene a um risco aumentado de Covid-19 grave. O laboratório de Zeberg confirmou isso e ainda apontou que o material está associado a casos de câncer no pulmão.

Embora ter Covid-19 grave aumente o risco de desenvolver um quadro prolongado, a equipe descobriu que a contribuição da variante de DNA nesse processo era muito mais complexa. “Essa variante tem um impacto muito mais forte na Covid-19 longa do que em sua gravidade”, afirma o líder da pesquisa.

Uma porta para novas descobertas

 

Zhongshan Cheng, um bioinformático entrevistado pela Nature, insinua que replicar a descoberta em outros conjuntos de dados ajudaria a fortalecer as conclusões do estudo. “Muitas informações mobilizadas para a análise longa da Covid também foram usadas ​​na análise que encontrou uma ligação entre o FOX4P e a doença em sua ocorrência grave”.

Segundo ele, dados mais recentes também ajudariam a descartar a possibilidade de que outros fatores, como câncer de pulmão, pudessem ter influenciado a aparente associação com o FOX4P. “Mesmo assim, o estudo é um avanço e estudos futuros provavelmente serão adicionados à lista de fatores de risco”, conclui Cheng.

Fonte: Revista Galileu

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