‘Grave ameaça à saúde global’: tudo o que se sabe sobre a Candida auris, superfungo que fechou hospital em Pernambuco

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirmou a identificação do terceiro caso de contaminação pelo superfungo Candida auris em pacientes internados no estado. Além do Brasil, o microrganismo tem motivado alertas das autoridades de saúde também nos Estados Unidos, por ser resistente aos medicamentos antifúngicos comuns e, por isso, apresentar uma alta letalidade. Estimativas apontam que de 30% a 60% dos contaminados morrem em decorrência da doença.

 

“Em 11/05/2023 a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) recebeu a notificação de caso confirmado laboratorialmente para Candida auris (C. auris) em um paciente internado no hospital Miguel Arraes localizado em Paulista-PE. Em 14/05 outro paciente foi confirmado no Hospital Tricentenário, em Olinda. Ambos são do sexo masculino com idades de 48 e 77 anos, respectivamente, internados nestas unidades devido a outras motivações”, diz nota técnica da SES-PE.

 

Na noite desta segunda-feira, a SES-PE confirmou o terceiro caso da doença no estado, identificado em um hospital particular da capital. Segundo o g1, o paciente seria uma homem de 66 anos. O cenário levou a pasta a suspender novos atendimentos no Hospital Miguel Arraes para evitar a disseminação do fungo, disse a diretora-geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Karla Baêta, à TV Globo.

 

 

— No caso do Miguel Arraes, como esse paciente passou por várias áreas do hospital, até que dê as três amostras negativas, nenhum paciente está sendo submetido. No caso do Tricentenário, como foi possível isolar apenas a área onde ele circulou, pacientes estão ainda sendo referenciados — afirmou.

Foi também em Pernambuco que o Brasil registrou o maior surto de C. auris, segundo um trabalho recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Foram 48 casos da doença identificados entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022 na capital Recife, número mais alto desde que o fungo foi confirmado pela primeira vez no país, em dezembro de 2020, em Salvador, Bahia.

 

 

Na época, a Anvisa destacou que o fungo “representa uma grave ameaça à saúde global” já que algumas cepas “são resistentes a todas as três principais classes de fármacos antifúngicos e sua identificação requer métodos laboratoriais específicos, uma vez que C. auris pode ser facilmente confundida com outras espécies”.

Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), os três principais motivos para o fungo representar uma ameaça à saúde pública são:

  • Multirresistente. “O que significa que é resistente a vários antifúngicos comumente usados ​​para tratar infecções por Candida. Algumas cepas são resistentes a todas as três classes disponíveis de antifúngicos”.
  • Diagnóstico. “É difícil identificar com métodos laboratoriais padrão e pode ser identificado erroneamente em laboratórios sem tecnologia específica. A identificação incorreta pode levar a uma gestão inadequada”.
  • Disseminação. “Ele causou surtos em ambientes de saúde. Por isso, é importante identificar rapidamente a C. auris em um paciente hospitalizado para que os serviços de saúde possam tomar precauções especiais para impedir sua propagação”.

 

O que é a Candida auris?

 

A C. auris foi descoberta no mundo 11 anos antes de chegar ao Brasil, em 2009, no Japão. A origem exata do fungo, porém, ainda é pouco conhecida. Pesquisadores atribuem o surgimento e a disseminação às mudanças climáticas e ao aquecimento global. Na maioria dos casos, ele acomete pessoas com sistemas imunológicos comprometidos, como idosos e imunossuprimidos, em ambientes hospitalares.

Como é a transmissão da Candida auris?

 

“O mecanismo de transmissão da C. auris dentro dos serviços de saúde ainda não é totalmente conhecido. No entanto, evidências iniciais sugerem que ela se dissemina no serviço de saúde por contato com superfícies ou equipamentos contaminados de quartos de pacientes colonizados/infectados, sendo, portanto, fundamental reforçar as medidas de prevenção e controle com ênfase na higiene das mãos e limpeza e desinfecção do ambiente e equipamentos”, diz o documento da SES-PE.

 

Nos Estados Unidos, o fungo foi identificado pela primeira vez em um hospital de Nova York, em 2016. Desde então, tem crescido de forma dramática, o que levou CDC a emitir um alerta, neste ano, sobre como a C. auris se espalhou em uma “taxa alarmante” durante a pandemia. Ao longo de 2021, foram 1.474 casos clínicos, um aumento de cerca de 200% em relação aos quase 500 casos em 2019.

Além disso, o fungo chegou a mais da metade dos 50 estados americanos em 2022. Ainda que o artigo não inclua o número oficial de casos do ano passado, o monitoramento disponível no site do CDC aponta que, em 29 estados, foram 2.377 diagnósticos – avanço de 61,3% em relação aos 12 meses anteriores.

Candida auris mata?

 

O CDC também aponta que quase metade dos pacientes que contraem Candida auris morrem em 90 dias. Mas, na época do alerta, Meghan Lyman, médica de doenças micóticas do CDC, destacou que uma razão para a alta letalidade é que as pessoas infectadas também estão lidando com vários outros problemas de saúde, já que costumam estar internadas por outros motivos.

Fonte: O Globo

Foto: CDC

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