Infusão de ‘viagra’ produzido no cérebro aumenta desejo sexual em homens e mulheres, aponta estudo

A kisspeptina pode ajudar a melhorar o desejo sexual de homens e mulheres. Infusões desta proteína conhecida como “Viagra mental” — pois é produzido no hipotálamo (que fica na base do cérebro) — ajudaram mulheres a se sentirem menos constrangidas durante o sexo, porque sua ação altera a resposta cerebral ao erotismo. Nos homens, o composto reduz o pensamento excessivo e a ansiedade de desempenho no quarto. É o que mostra um novo estudo feito por pesquisadores Imperial College London e publicado na revista científica JAMA Network Open.

O trabalho apontou, inclusive, que o “Viagra mental” pode até ajudar as mulheres a acharem seus maridos mais atraentes. Os pesquisadores observaram um aumento significativo na função erétil em homens com baixa libido que receberam as infusões.

Os cientistas britânicos conduziram os testes de kisspeptina em pessoas com baixo desejo sexual, que não podem ser explicadas por problemas de saúde física ou mental, e que estão descontentes com sua baixa libido. Esse problema, que os médicos chamam de transtorno do desejo sexual hipoativo, afeta até 10% das mulheres e 8% dos homens.

“O padrão de atividade cerebral que vimos sugere que a kisspeptina pode impedir que as pessoas pensem demais quando se trata de sexo, diminuindo assim a excitação sexual. Em última análise, o cérebro desempenha um papel central na coordenação do desejo sexual. Esperamos, se a pesquisa progredir, que os tratamentos à base de kisspeptina possam estar disponíveis no Reino Unido dentro de cinco a 10 anos”, disse Alexander Comninos, autor sênior do estudo, ao portal de notícias Daily Mail.

A Kisspeptina foi descoberta em 1996, por cientistas em Hershey, na Filadélfia (EUA), e recebeu o nome do bombom Kiss da fábrica de chocolate Hershey’s. Essa proteína, quando liberada pelo cérebro, dispara a cascata de alterações bioquímicas levando à produção de hormônios sexuais masculino (como a testosterona) e feminino (estradiol). É ela, por exemplo, a responsável fazer crianças e adolescentes entrarem na puberdade.

Detalhes do estudo

 

Os pesquisadores deram a 32 mulheres uma infusão de kisspeptina por meio de um gotejamento no braço e, em um momento diferente, uma infusão de água salgada pura para comparação, o que não teria efeito sobre o desejo sexual.

A atividade cerebral das mulheres foi rastreada por uma ressonância magnética enquanto elas assistiam a vídeos eróticos curtos, em comparação com vídeos de exercícios não sexuais.

Com a kisspeptina, as mulheres relataram sentir-se mais “sexy”, tiveram menos atividade em uma região cerebral frontal ligada a pensamentos negativos que distraem e tiveram mais atividade em uma região cerebral ligada à excitação sexual ao assistir aos vídeos.

Ao observarem fotos de rostos masculinos, elas tiveram uma maior atividade no córtex cingulado posterior (PCC) — uma parte do cérebro que já foi ligada a emoções românticas — e atividade cerebral ligada a julgamentos mais positivos de outras pessoas.Isso aumenta a esperança de que as mulheres que tomam kisspeptina comecem a achar seus maridos mais atraentes e queiram fazer mais sexo com eles.

De fato, mulheres com mais atividade no PCC demonstraram menos aversão ao sexo, quando questionadas sobre o quanto o sexo as fazia ter repulsa ou se sentir frígida, desinteressada e ansiosa, entre outras questões.

As mulheres que tomaram kisspeptina mostraram menos atividade em uma região do cérebro que poderia fazê-las sentirem-se constrangidas em relação ao seu corpo, ao verem fotos suas.

No estudo separado de 32 homens que receberam kisspeptina, a atividade cerebral depois de tomar o hormônio sugeriu que eles estavam prestando mais atenção visual à pornografia e eram menos autoconscientes, o que pode significar que a ansiedade de desempenho é um problema menor.

O estudo masculino teve evidências diretas de que a kisspeptina pode aumentar o desejo sexual dos homens, já que seus pênis ficaram até 56% mais rígidos ao assistir a um vídeo erótico após receber o hormônio.

A droga pode ser uma solução para as causas psicológicas dos problemas masculinos no quarto. O Viagra, por exemplo, só aumenta o fluxo sanguíneo para os órgãos genitais.

“É altamente encorajador ver o mesmo efeito de aumento em mulheres e homens, embora as vias cerebrais precisas sejam ligeiramente diferentes”, afirmou o professor Waljit Dhillo, co-autor sênior do estudo.

Fonte: O Globo

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