Metabolismo humano atinge o pico durante a primeira infância

Uma pesquisa britânica constatou que o metabolismo humano, responsável pela queima de calorias do corpo, atinge o seu pico de funcionamento durante a primeira infância e começa a declinar mais tarde do que se imaginava, por volta dos 60 anos. As descobertas foram verificadas após uma avaliação minuciosa do gasto energético de mais de 6 mil pessoas de 29 países, com idades distintas. Os dados foram publicados na última edição da revista Science.

“Há muitas mudanças fisiológicas que surgem com o crescimento e o envelhecimento”, declarou, em um comunicado à imprensa, Herman Pontzer, professor de antropologia evolutiva na Universidade de Duke, no Reino Unido, e principal autor do estudo. “Pense na puberdade, na menopausa, em outras fases da vida. É importante saber se os ‘estágios metabólicos da vida’ correspondem a esses marcos típicos”, complementou o especialista.

Para investigar essa relação, o cientista e sua equipe avaliaram o gasto calórico diário de 6,6 mil pessoas com idades diversas (entre uma semana de vida e 95 anos) por mais de um ano. Os especialistas fizeram um controle minucioso do consumo de alimentos dos participantes, submetidos a uma série de exames de urina extremamente apurados. Por meio das avaliações, eles se depararam com algumas surpresas.

A equipe de pesquisa observou que, ao contrário do que se acreditava, a adolescência e a casa dos 20 anos não são os períodos com maior queima de gorduras, e sim a primeira infância, já que os bebês do estudo apresentaram as taxas metabólicas mais altas de todo o grupo de avaliados.

“Uma criança de um ano queima calorias 50% mais rápido para seu tamanho corporal do que um adulto. É claro que eles estão crescendo, mas, mesmo quando você controla isso, os gastos de energia desses bebês estão subindo muito mais do que era o esperado para o seu porte e composição corporal”, detalhou Pontzer.

Desaceleração

Após esse aumento inicial na infância, os dados mostram que o metabolismo desacelera em cerca de 3% a cada ano até a chegada dos 20 anos, quando se estabiliza em um novo normal. A meia-idade foi outra surpresa: os pesquisadores descobriram que os gastos com energia durante os 20, 30, 40 e 50 anos eram os mais estáveis.

Mesmo durante a gravidez, as perdas calóricas de uma gestante não eram nem mais, nem menos do que o esperado. “Talvez você já tenha dito que seu peso está piorando depois dos 30, mas isso não é real”, brincou o autor do estudo.

Os pesquisadores também observaram uma fase de declínio no funcionamento do metabolismo, que teve início por volta dos 60 anos e se manteve em queda nos anos seguintes. “O gasto calórico é mais lento nessa fase da vida, mas a desaceleração é gradual: apenas 0,7% ao ano”, frisou Pontzer.

Os cientistas acreditam que a perda de massa muscular, que acontece à medida que o organismo envelhece, pode ser uma das culpadas por esse déficit, já que os músculos queimam muita gordura. Porém, outros elementos podem estar relacionados a esse efeito. “É algo que precisamos avaliar melhor, em outros estudos, mas acreditamos que isso ocorre porque todas as nossas células estão desacelerando. É um conjunto de fatores”, assinalou.

 

Fonte: Correio Braziliense

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