
Foram diversas as consequências da pandemia e do isolamento social e, agora, segundo um estudo, foi descoberta mais uma: o aumento da probabilidade de crianças desenvolverem miopia. Isso porque, com mais tempo em casa, as crianças tiveram um aumento do tempo de tela e passaram menos tempo ao ar livre.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas estudaram os olhos de 1.793 crianças em Hong Kong. Cerca de 700 das crianças foram recrutadas para o estudo no início da pandemia, enquanto o restante delas já haviam sido monitoradas por cerca de três anos.
A capacidade da visão foi medida e elas preencheram questionários sobre seu estilo de vida, incluindo quanto tempo passavam ao ar livre e olhando para as telas.
Mais tempo de tela = piora da visão
Cerca de uma em cada cinco crianças observadas durante a pandemia desenvolveu miopia entre janeiro e agosto de 2020, em comparação com uma em cada três crianças no grupo pré-pandemia, durante um período muito mais longo de três anos.
A frequência estimada de miopia em um ano foi de 28%, 27% e 26%, respectivamente, para crianças de seis, sete e oito anos de idade no grupo analisado durante a pandemia.
Isso comparado com 17%, 16% e 15%, respectivamente, para crianças de seis, sete e oito anos de idade no grupo pré-pandemia.
Essas mudanças coincidiram com a redução do tempo que as crianças passam ao ar livre, de cerca de uma hora e 15 minutos para cerca de 24 minutos por dia, e um aumento do tempo de tela de cerca de 2,5 horas para cerca de 7 horas por dia.
O autor principal da pesquisa, Jason Yam, disse que os resultados iniciais servem para alertar os profissionais de saúde ocular, legisladores, educadores e pais que esforços coletivos são necessários para prevenir a miopia infantil, uma potencial crise de saúde pública como resultado da Covid-19.
“A miopia nas crianças é algo sério. Isso os coloca em risco de desenvolver complicações que aumentam o risco de deficiência visual irreversível ou cegueira mais tarde na vida”, comentou Yam.
Os dados, recolhidos do Hong Kong Children Eye Study, foram publicados no British Journal of Ophthalmology.