Um salve às proteínas!

Muito se fala dos benefícios da dieta cetogênica, aquela rica em gordura, pobre em carboidrato e com quantidade controlada de proteínas, como estratégia para perda de peso e também como coadjuvante no tratamento de problemas neurológicos. Outra orientação comum nos consultórios é a estratégia low fat, dieta pobre em gordura, principalmente para os pacientes que possuem níveis elevados de gordura no sangue, no caso de colesterol, por exemplo.
E as proteínas? Para indivíduos sadios e para os que querem perder peso, não há recomendação para diminuir o consumo de proteínas.
Seu nome tem origem no grego “proteios”, que significa: de importância primária (prioridade) e, por isso, é considerada o mais nobre dos macronutrientes. Os cabelos e unhas, por exemplo, são feitos principalmente dela. Tem função de construir e reparar tecidos, produzir enzimas, hormônios e outras substâncias químicas. É ainda um componente de ossos, músculos, cartilagens, pele e sangue. Diferentemente das gorduras e dos carboidratos, não conseguimos estocar proteínas, por isso, é necessária a ingestão diária desse nutriente.
As proteínas, formadas por aminoácidos, são classificadas como de alto valor biológico e de baixo valor biológico, de acordo com o tipo e a quantidade de aminoácido que as compõe. As principais fontes são carnes, leite e derivados, ovos, cereais e leguminosas. As de origem animal são consideradas de alto valor biológico, pois contêm aminoácidos essenciais (que não são produzidos pelo corpo). As proteínas vindas de cereais (arroz, milho e trigo) e leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico, soja) são consideradas de baixo valor biológico por haver deficiência de algum aminoácido essencial. Para os veganos, basta combinar um cereal (deficiente em lisina, triptofano e treonina) e uma leguminosa (deficiente em metionina) para que o prato fique completo e com todos os aminoácidos essenciais.
De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS), a recomendação de consumo é de 0,8 a 1,2g por quilo de peso corpóreo; essa necessidade aumenta para atletas, idosos e crianças e algumas situações específicas como o emagrecimento.
Queridinha dos marombeiros e da galera fitness, desfila nas academias dentro das shakeiras, na forma de whey protein (proteína do soro do leite) como se fosse uma poção mágica na construção de um corpo sarado. A proteína só terá função de reparação e construção muscular se essa musculatura for estressada. Ao contrário do que se pensa, o consumo elevado de proteína não é a chave para músculos grandes e aparentes. O corpo digere esses alimentos ou suplementos , quebra a proteína em aminoácidos, que vão para o fígado e ele escolhe quais os aminoácidos de que precisa, e o restante será convertido na forma de carboidrato (e estocado na forma de gordura). Os produtos resultantes dessa transformação serão excretados via urina.
Para o emagrecimento, de acordo com estudos recentes, a recomendação diária pode chegar até 2,4g por kg de peso, e seu consumo promove saciedade e melhora do índice glicêmico da alimentação.
Vale ressaltar que o consumo excessivo pode desencadear problemas renais. De acordo com a nutricionista Ludmila Pereira de Araújo Souza, especialista em nutrição nas doenças renais, a ingestão de mais de 2,4g de proteína por kg de peso, mesmo em indivíduos saudáveis, pode afetar o bom funcionamento dos rins. Para quem possui doenças como “pedra nos rins”, gota e insuficiência renal, o consumo deve ser limitado a 1,2g por kg de peso.
Sempre bom lembrar que a proteína é um nutriente importantíssimo e aliado em diversos processos fisiológicos, mas o seu consumo desenfreado pode trazer uma doença renal grave de maneira irreversível. Que possamos, com parcimônia, aproveitar do melhor jeito o que esse super nutriente tem para nos oferecer.