A gordura visceral é aquela que fica escondida nas profundezas do abdômen e envolve os órgãos internos. Esse tipo de gordura já foi associado a diversos problemas para a saúde. Agora, pesquisadores do Mallinckrodt Institute of Radiology da Washington University School of Medicine, associaram níveis mais elevados dessa gordura ao desenvolvimento da doença de Alzheimer.
“Mesmo que tenha havido outros estudos ligando o IMC à atrofia cerebral ou mesmo a um maior risco de demência, nenhum estudo anterior relacionou um tipo específico de gordura à proteína real da doença de Alzheimer em pessoas cognitivamente normais”, disse Mahsa Dolatshahi, pesquisadora de pós-doutorado no MIR e coautor do estudo, disse em um comunicado.
Em estudo que será apresentado na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA), que será realizado entre 26 e 29 de novembro, os pesquisadores investigaram a ligação entre a captação das proteínas beta-amiloide e tau, com fatores que incluem índice de massa corporal (IMC), obesidade, resistência à insulina, subcutâneo, níveis de gordura (sob a pele) e gordura visceral. Participaram do estudo 54 pessoas saudáveis, com idades entre 40 e 60 anos, e IMC médio de 32 o que configura obesidade.
Os níveis de gordura visceral foram medidos por ressonância magnética abdominal e 32 participantes foram submetidos ao PET scam. Os resultados mostraram que a maior captação de amiloide no córtex pré-cuneus – uma região do cérebro afetada precocemente pela formação de placas de beta-amilóide na doença de Alzheimer – estava associada a uma maior proporção de gordura visceral em relação à gordura subcutânea. Essa associação se mostrou mais forte nos homens do que nas mulheres.
Os pesquisdores também descobriram que níveis mais elevados de gordura visceral estavam associados ao aumento da inflamação cerebral. Segundo Dolatshahi, as secreções inflamatórias da gordura visceral podem levar à inflamação no cérebro, que é um dos principais mecanismos que contribuem para a doença de Alzheimer.
“Este estudo destaca um mecanismo chave pelo qual a gordura oculta pode aumentar o risco da doença de Alzheimer. Isso mostra que essas mudanças cerebrais ocorrem já aos 50 anos, em média – até 15 anos antes de ocorrerem os primeiros sintomas de perda de memória da doença de Alzheimer”, disse o coautor Cyrus A. Raji, em comunicado
A doença de Alzheimer afeta o funcionamento do cérebro, levando ao desenvolvimento de demência. A condição está associada ao acúmulo de proteínas amiloide e tau no cérebro. Eles se agrupam em estruturas chamadas placas e emaranhados que danificam e obstruem o funcionamento cerebral.
Os autores esperam que estas descobertas possam ser usadas para diagnosticar a doença de Alzheimer ainda mais cedo, permitindo melhores tratamentos de intervenção.
Fonte: O Globo