
A pandemia de Covid-19 afetou o diagnóstico e o tratamento do câncer de próstata no Brasil. Entre 2019 e 2020, houve uma redução de 21,5% nas cirurgias de retirada da próstata devido à doença. Os dados são do Ministério da Saúde, obtidos pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) neste mês de conscientização, o Novembro Azul.
De acordo com o levantamento, as internações de pacientes com o tumor diminuíram em 15,7%. Já a adesão a métodos que diagnosticam esse câncer junto ao toque retal — como a coleta de antígeno prostático específico (PSA) e a biópsia da próstata — caíram em 27% e 21%, respectivamente.
Em determinados estados, houve uma queda significativa na realização do exame de biópsia. No Acre, essa diminuição foi mais acentuada (90%), seguido por Mato Grosso (69%) e Rio Grande do Norte (50%). O Rio de Janeiro teve um declínio de 39% e Minas Gerais 31%. São Paulo e Distrito Federal, por sua vez, foram bem menos afetados: 6% e 7%, respectivamente. Já em relação ao exame de PSA, Paraíba teve uma queda de 50%; Pernambuco, 37%; Distrito Federal, 34%; Rio de Janeiro, 30%; e São Paulo, 29%.
Os dados também mostram que os homens passaram por menos consultas urológicas no Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos dois anos. Houve uma queda de 33,5% nas visitas ao consultório entre 2019 (ano em que foram registradas 4,2 milhões de consultas) e 2020 (que teve apenas 2,8 milhões). E continuam sendo poucas em 2021: até julho, foram feitas cerca de 1,8 milhões de consultas.

Vale lembrar que o câncer de próstata é o tumor mais frequente entre os homens, depois do câncer de pele não melanoma. A estimativa é que ocorram mais de 65,8 mil novos casos da doença em 2021, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A situação é muito séria, ainda mais considerando que a mortalidade desse câncer aumentou cerca de 10% entre 2015 e 2019, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), solicitados pela SBU.
Em 90% dos casos em fase inicial, o câncer de próstata pode ser curado e não apresentar sintomas. Quando o paciente tem vontade de urinar com frequência e identifica sangue na urina ou no sêmen, o estado da doença está mais avançado. Por isso, a SBU ressalta a importância de ir ao médico, já que o diagnóstico precoce é fundamental.
A recomendação geral da entidade é que, mesmo sem sintomas, homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado. Aqueles que fazem parte do grupo de risco — isto é, negros, com histórico familiar da doença e/ou obesos — devem ser examinados mais cedo, a partir dos 45 anos. “Após os 75 anos, a recomendação é que somente homens com perspectiva de vida maior do que dez anos façam essa avaliação”, aconselha a SBU.
Ao longo do mês de novembro, a entidade transmitirá em suas redes sociais uma série de ações de conscientização que fazem parte da campanha “Saúde também é papo de homem”. Toda quarta-feira será possível conferir lives com especialistas, posts e vídeos tirando dúvidas, além de podcasts semanais na Rádio SBU, disponível em todas as plataformas de streaming.