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Índice de vacinação infantil teve maior queda em 30 anos na pandemia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertam para uma queda recorde no índice de vacinação infantil, que teve seu maior declínio dos últimos 30 anos durante a pandemia de Covid-19, segundo relatório divulgado em 14 de julho.

O levantamento revela que a porcentagem de crianças que receberam três doses da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP3) caiu 5 pontos percentuais entre 2019 e 2021, indo de 86% para somente 81%. Por consequência, 25 milhões delas perderam uma ou mais doses do imunizante em serviços de rotina só no ano passado.

A queda prejudicou 2 milhões de crianças a mais do que em 2020 e 6 milhões a mais em relação a 2019. De acordo com a OMS, a diminuição ocorreu devido a vários fatores, como o número crescente dos mais novos que vivem em ambientes de conflito, em situação frágil ou com baixo acesso à imunização. Também houve aumento da desinformação e as interferências da pandemia, como interrupções de serviços e desvio de recursos para conter o coronavírus.

“Este é um alerta vermelho para a saúde infantil. As consequências serão medidas em vidas”, lamenta Catherine Russell, diretora executiva da Unicef. “Embora uma ressaca pandêmica fosse esperada no ano passado como resultado das interrupções e bloqueios da Covid-19, o que estamos vendo agora é um declínio contínuo.”

Anvisa aprovou a vacinação contra Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos com imunizante da Pfizer (Foto: ms.gov.br)
Em 2021, 18,2 milhões de crianças não receberam uma dose inicial de DTP3 (Foto: ms.gov.br)

A expectativa era que 2021 fosse um ano de recuperação no qual programas de imunização sobrecarregados seriam reconstruídos e a coorte de crianças não vacinadas em 2020 seria alcançada. Em vez disso, a cobertura de DTP3 voltou ao seu nível mais baixo desde 2008 e somou-se ao declínio nas taxas de outras vacinas básicas.

Em 2021, 18,2 milhões de crianças não receberam uma dose inicial de DTP3 e outros 6,8 milhões estão parcialmente vacinadas. Dos 25 milhões sem vacinação, mais de 60% vivem em países de baixa a média renda, incluindo Brasil, Angola, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia, Mianmar, Nigéria, Paquistão e Filipinas.

Além disso, mais de um quarto da cobertura contra o HPV alcançada em 2019 foi perdida, sendo que a primeira dose totalizou uma taxa de imunização de só 15%. Já a primeira aplicação de sarampo caiu para 81% em 2021, nível mais baixo desde 2008.

A cobertura vacinal, de modo geral, sofreu queda em todo o planeta, com a região do Leste Asiático e Pacífico registrando a maior reversão de DTP3, com uma diminuição de 9% em apenas dois anos. Enquanto isso, Uganda e Paquistão evitaram declínios acentuados, mantendo esforços de vacinação na pandemia.

O mundo enfrentou um retrocesso histórico na vacinação infantil, acompanhado por um aumento da desnutrição aguda grave. “Uma criança desnutrida já tem imunidade enfraquecida e vacinas perdidas podem significar que doenças comuns da infância rapidamente se tornam letais para elas. A convergência de uma crise de fome com uma crescente lacuna de imunização ameaça criar as condições para uma crise de sobrevivência infantil”, alerta a OMS.

Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da organização, o planejamento e o combate à Covid-19 devem andar “de mãos dadas com a vacinação contra doenças mortais como sarampo, pneumonia e diarreia”.  “Não é uma questão de ‘ou’, é possível fazer os dois”, diz ele.

Fonte: Revista Galileu

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