Como o 5G vai impactar a saúde

No início de novembro, aconteceu o esperado leilão do 5G no Brasil, a quinta geração da internet móvel que promete grandes mudanças no nosso dia a dia. O evento, destinado à seleção das operadoras de conectividade que poderão oferecer o serviço, teve grande repercussão, uma vez que essa tecnologia abre inúmeras possibilidades para o desenvolvimento do país. Com potencial de velocidade até cem vezes maior que o 4G, o 5G amplia a capacidade de transmissão de dados e reduz o tempo de resposta, o que melhora a qualidade dos serviços e é fundamental em processos tecnológicos, com impacto em diversos setores, da economia à educação.

As inovações advindas do 5G podem alavancar as transmissões e a comunicação máquina a máquina, facilitando a evolução de cidades inteligentes, agricultura de precisão, processos industriais automatizados e veículos autônomos. É inquestionável, portanto, o poder transformacional desta tecnologia na criação de valor em nossa sociedade, tanto por trazer mais eficiência quanto inovação nos negócios e nas experiências imersivas, encurtando distâncias e aproximando as pessoas.

Na área da saúde o 5G também pode ampliar o acesso aos serviços, ao unir médicos e pacientes, impactando, assim, a produtividade e a qualidade do atendimento. Os benefícios são inúmeros, para todos os envolvidos. Haverá um ganho em equidade, por meio da assistência a comunidades remotas que não têm equipamentos e especialistas.
Atendimento a emergências, transmissão em tempo real de sinais vitais e imagens de pacientes no local do incidente e durante o trajeto das ambulâncias — tudo isso será muito mais rápido com o 5G. A segurança pode aumentar, ao permitir a análise de imagens de órgãos do paciente em 3D e simular, com os recursos de realidade virtual e realidade aumentada, cirurgias complexas, como transplantes, antes do ato cirúrgico. A tecnologia permitirá ainda coletar mais informações dos pacientes com o auxílio de sensores, a fim de propiciar um melhor diagnóstico e prognóstico de diversas doenças.
Além dos impactos na assistência direta ao paciente, a quinta geração da internet móvel será uma aliada na democratização do conhecimento, ao possibilitar a difusão de práticas cirúrgicas em centros remotos para qualificação dos médicos. Não menos importante são os avanços em eficiência no controle de equipamentos, instrumentos e insumos médicos e a otimização da logística de materiais no hospital com o uso de drones e veículos autônomos.
Este caminho do 5G na saúde já está sendo pavimentado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), maior complexo hospitalar da América Latina, pelo seu braço de inovação, o InovaHC, em uma parceria público-privada com empresas de conteúdo tecnológico, governo e as faculdades de Medicina e Engenharia da Universidade de São Paulo.
Dessa parceria nascerá um dos centros mais avançados no mundo em tecnologia 5G aplicados à saúde. Novas regulações serão desenhadas com a experiência e ganho de conhecimento provenientes dos casos de uso (isto é, interações entre os atores e o sistema) para que as tecnologias emergentes sejam criadas e aplicadas em prol da sociedade, mitigando quaisquer riscos à população. Adicionalmente, serão fomentadas pesquisas nas áreas da Medicina e Engenharia, com a missão de melhorar os serviços da saúde, com engajamento de professores e estudantes da graduação e pós-graduação, fazendo girar a tripla hélice da inovação. E as lições geradas com base na experiência do 5G na saúde certamente vão ultrapassar as instâncias médicas.
Ainda desconhecemos todas as inovações que surgirão ao longo deste caminho, mas temos a certeza de que vão deixar um legado para os jovens médicos e engenheiros do Brasil, tornando-se em um pilar fundamental para a transformação da saúde pública.

(Com a colaboração de Marco Bego, diretor de Inovação do Hospital das Clínicas da FMUSP, e Marcia Ogawa, sócia-líder da Indústria de Tecnologia, Mídia e Telecom da Deloitte)

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