Dermatite atópica: 41% dos brasileiros desconhecem doença de pele comum

É muito comum que as doenças de pele sejam invisibilizadas, e que a maioria das pessoas não considere sua gravidade e efeitos reais na vida de quem sofre com elas. É o que acontece com a dermatite atópica, distúrbio dermatológico que afeta de 15% a 25% das crianças e cerca de 7% dos adultos no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Coceiras intensas que podem causar lesões graves em mais da metade da superfície corporal, afetando o sono e o dia de trabalho são alguns dos sintomas da doença, erroneamente vista como uma alergia simples. Um novo levantamento realizado pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), a pedido da Pfizer, conversou com 2.327 internautas acima de 18 anos do Brasil inteiro para entender o que a população brasileira sabe sobre a dermatite atópica.

Os resultados corroboram com o baixo diagnóstico da doença e a falta de discussão a seu respeito: 60% dos respondentes têm informações equivocadas ou insuficientes sobre a enfermidade, enquanto 36% a definem como uma alergia e 24% não sabem nada a respeito. Ainda, 41% afirmam nunca terem ouvido falar sobre a doença

O que é a dermatite atópica

A dermatite atópica é uma doença dermatológica crônica e hereditária que provoca secura e inflamação na pele, causando coceiras e lesões. Sua causa é ainda desconhecida, podendo ser desencadeada por substâncias que provocam reações alérgicas, contato com animais, condições ambientais ou mesmo estresse.

É comum que a doença ocorra entre pessoas da mesma família e que também tenham asma ou rinite alérgica. Os sintomas geralmente aparecem durante a infância e podem permanecer pela vida toda, assim como desaparecer à medida que a pessoa envelhece.

Falta de empatia

A nova pesquisa avaliou que 21% dos entrevistados não sabem dizer se a doença é ou não contagiosa, e mesmo quando informados sobre a impossibilidade de contágio, responderam que evitariam proximidade com alguém que tivesse lesões aparentes. Isso, junto do quadro já difícil da doença, contribui para uma piora na qualidade de vida dos pacientes.

“Os pacientes portadores de dermatite atópica têm o dobro de ideação suicida se comparados com a população não portadora da doença”, alertou a dermatologista Rosana Lazzarini, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em coletiva de imprensa. “A depressão, o estresse e a diminuição da qualidade de vida fazem parte da vida dessas pessoas sem dúvida nenhuma.”

Quase um em cada cinco respondentes (19%) não está convencido de que a dermatite atópica pode atrapalhar as atividades do dia a dia, como ir à escola ou trabalhar. No entanto, após conhecerem melhor a doença através da pesquisa, 59% relataram que ficariam muito abalados se convivessem com os sintomas.

Tratamento

O levantamento avaliou que 20% dos participantes da pesquisa não sabem identificar nenhum dos sintomas da enfermidade, comumente confundida como uma alergia simples, mas que demanda um tratamento muito mais complexo.

“Os tratamentos incluem aconselhamento acerca de cuidados apropriados com a pele, como a aplicação de produtos tópicos indicados pelo médico, além do uso de medicações, quando necessário, que serão prescritas de acordo com cada caso: há opções de uso tópico, bem como medicamentos orais ou injetáveis”, diz Rosana.

Ainda segundo a dermatologista, os medicamentos são normalmente usados a vida toda do paciente. O ciclo comum de tratamento é que o paciente use os fármacos sistematicamente e, após a melhora, eles sejam retirados. Mas o que acontece é que a doença se reinstala e os remédios são introduzidos novamente.

Outra parte importante do tratamento, desconhecida por 65% dos brasileiros, é a necessidade de realizar algumas mudanças de hábitos, como evitar banhos quentes e demorados e  identificar alimentos ou vestimentas que possam piorar o quadro dermatológico.

Informação como método

A falta de conhecimento da maioria dos brasileiros a respeito da dermatite atópica é um grande agravante da doença, podendo afetar diretamente o tratamento da condição. “Vejo tratamentos que não tem base nenhuma. Infelizmente mesmo alguns médicos propõem tratamentos altamente equivocados para a dermatite atópica e acabam complicando o quadro”, lamenta Rosana.

Na avaliação da diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro, os dados da nova pesquisa refletem a necessidade de um amplo trabalho educativo junto à população sobre a dermatite atópica. “Quando trabalhamos a conscientização sobre os sintomas, podemos contribuir para o diagnóstico precoce”, afirma. “Em outra frente, quando desfazemos mitos e mostramos que a doença não é contagiosa, por exemplo, ajudamos a criar um ambiente social mais empático para esses pacientes, com menos preconceito.”

*Com edição de Larissa Beani.

Fonte e imagem: Revista Galileu

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