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Risco de diabetes tipo 2 cresce 28% após Covid-19, indica estudo

As ligações em potencial entre a Covid-19 e outras doenças estão sendo cada vez mais investigadas pela comunidade científica na tentativa de compreender os efeitos a longo prazo da infcção causada pelo coronavírus Sars-CoV-2. Uma nova pesquisa, publicada no último dia 16 de março no periódico Diabetologia, sugere uma associação entre casos leves de Covid e o diagnóstico subsequente de diabetes tipo 2.

Conduzida pelos professores Wolfgang Rathmann e Oliver Kuss, do Centro Alemão de Diabetes da Universidade Heinrich Heine em Dusseldorf, e Karel Kostev, da empresa IQVIA, a análise incluiu informações sobre 8,8 milhões de adultos que visitaram 1.171 instituições médicas na Alemanha entre março de 2020 e janeiro de 2021. Isso incluiu 35.865 pacientes que foram diagnosticados com Covid-19.

A incidência de diabetes nos que foram contaminados com o coronavírus foi comparada com a de indivíduos diagnosticados com infecção aguda do trato respiratório superior, mas não Covid. Esse segundo grupo era representado por 46% de mulheres e a idade média era de 43 anos. Os participantes foram pareados por uma série de fatores determinantes como sexo, idade, cobertura de plano de saúde, comorbidades, entre outros.

Os pesquisadores descobriram que novos casos de diabetes tipo 2 foram mais comuns em pacientes que testaram positivo para Covid-19 do que naqueles com outros quadros infecciosos. O risco relativo de desenvolver diabetes tipo 2 no grupo com Covid foi 28% maior do que nas demais pessoas.

Imagem ilustrativa do vírus da COVID-19.  (Foto: pixabay)
Imagem ilustrativa do vírus da Covid-19. (Foto: pixabay)

“A infecção por Covid-19 pode levar ao diabetes pela regulação positiva do sistema imunológico após a remissão, o que pode induzir disfunção das células beta pancreáticas e resistência à insulina”, avalia Rathmann, autor principal do estudo, em comunicado. “Ou os pacientes podem estar em risco de desenvolver diabetes devido a obesidade ou pré-diabetes, e o estresse da Covid-19 colocado em seus corpos acelerou o processo.”

Estudos anteriores observaram que a inflamação causada pelo Sars-CoV-2 pode danificar as células beta produtoras de insulina, fazendo com que morram ou mudem a forma como funcionam, resultando em uma hiperglicemia aguda (glicose alta no sangue). O estilo de vida sedentário causado ​​pela pandemia também pode ter influenciado nisso, segundo os autores.

No entanto, ainda não está claro para os pesquisadores se essas alterações metabólicas são temporárias ou se os indivíduos que tiveram Covid podem se tornar diabéticos crônicos. Se for o caso, esses resultados indicam que devem ser recomendados exames para a triagem de diabetes mesmo em quem teve quadro leve da doença.

Além disso, os autores  também recomendam que, após a infecção, o paciente esteja ciente dos sinais e sintomas de alerta — como fadiga, vontade frequente de fazer xixi e aumento da sede — e procure tratamento imediatamente.

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