Ministros da Saúde do G20 defendem uso racional de antimicrobianos

[Mar Del Plata-ARG} – O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, e os demais gestores de saúde dos países que integram o G20 – grupo que reúne as principais economias do mundo –, assinaram declaração conjunta para uso e descarte racional de antimicrobianos na medicina humana e em produtos promotores de crescimento animal. O tema foi um dos principais assuntos abordados na reunião do grupo, que ocorreu nesta quinta-feira (04/10), em Mar Del Plata, na Argentina. Durante o encontro, o grupo se comprometeu a promover ações para prevenção e controle de infecções para reduzir a utilização desses medicamentos na saúde pública, animal, na agricultura, na produção de alimentos e no meio ambiente. Houve ainda o comprometimento em desenvolver, junto a indústria farmacêutica e de biotecnologia, novos antimicrobianos seguros, eficazes e acessíveis.

Em discurso, o ministro da Saúde, Gilberto Occhi, destacou que o Brasil reconhece a relevância da temática do enfrentamento à resistência antimicrobiana (AMR) e a necessidade de uma resposta global, tendo em vista ao aumento de casos de infecção por patógenos resistentes e à paralisação na fronteira da inovação de novos antígenos. “O Brasil acredita que o engajamento do G20 em resistência aos antimicrobianos deve dar-se de maneira complementar aos processos multilaterais em curso, sempre alinhados aos objetivos estratégicos do plano de ação global sobre resistência aos antimicrobianos. Os esforços em pesquisas e desenvolvimentos devem fortalecer o trabalho que está sendo desempenhado pela Organização Mundial da Saúde”, ressaltou.

Além de ter participado de forma ativa na formualçao do Plano Global de Resistência aos antimicrobianos, o Brasil tem trabalhado pela implementação do plano nacional em sintonia com a abordagem de saúde única na prevenção da resistência aos antimicrobianos, que visa integrar todos os elementos envolvidos no contexto da resistência aos antimicrobianos: saúde humana, ambiental, animal e alimentar. Essa ação envolve, além do Ministério da Saúde, diversos órgãos federais, como o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O plano contém cinco objetivos estratégicos, dentre eles reforçar a base de conhecimento e evidência através da vigilância e investigação.

Acesse aqui a íntegra da Declaração de Ministros da Saúde do G20. 

NUTRIÇÃO

Os ministros da saúde também se comprometeram a melhorar o acesso às escolhas alimentares saudáveis por meio de esforços intersetoriais, promoção de ambientes saudáveis, incentivo à reformulação de alimentos e a rotulagem nutricional para ajudar os consumidores a tomar decisões informadas. Eles assumiram, ainda, o compromisso de incentivar as pessoas a ter estilos de vida saudáveis ​​baseados em dietas saudáveis ​​e atividades físicas. Gilberto Occhi destacou ainda as ações já realizadas pelo Brasil para melhorar o perfil nutricional da população.

“Construímos academias públicas em praças (são 4 mil polos habilitados e mais 2 mil obras concluídas), onde todo e qualquer cidadão pode praticar exercício, de maneira gratuita. Nós estamos fechando nos próximos dias, um acordo com as indústrias envolvendo a redução do açúcar em alimentos processados, como biscoitos, achocolatados e refrigerantes. Nós já fizemos isso com o sódio, em 2011, e já alcançamos cerca de 20 mil toneladas de redução de sódio nos alimentos. Outra medida foi proibir a oferta de produtos não naturais nas cantinas de escolas”, enumerou.

O ministro da Saúde do Brasil citou ainda que o próximo passo será “o estabelecimento do alerta da rotugem dos alimentos processados com relação ao sódio, açúcar e às gorduras”. A proposta é que o rótulo fique na parte frontal dos produtos e apresente advertências em relação ao excesso de substâncias que podem trazer malefícios a saúde, como sódio, gordura e açúcares. A partir de orientações claras, o consumidor poderá fazer escolhas mais saudáveis.

O Brasil já trabalha em diversos programas e ações para a promoção da alimentação saudável e da atividade física. Uma delas foi a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição adequada, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável.

O Ministério da Saúde também adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país, por meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019; e ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.

ATENÇÃO PRIMÁRIA

O atendimento na porta de entrada dos sistemas de saúde também foi um dos temas de concordâncias entre os gestores mundiais. O objetivo do tratado foi fortalecer a cobertura universal e reforçar a importância da Atenção Básica no atendimento dos pacientes e na integração do sistema de saúde, incluindo os níveis Secundário e Terciário de Atenção e Assistência social, levando em consideração os aspectos físicos e necessidades de saúde mental. Ressaltaram, ainda, a importância das ações de promoção da saúde, vigilância e prevenção de doenças e acesso a medicamentos e vacinas seguros, eficazes, de qualidade e acessíveis integrados a sistemas de saúde estruturados e resilientes.

ACORDO COM REINO UNIDO

Em encontro bilateral com o subsecretário de Estado para a Saúde Pública e Cuidados Primários do Departamento de Saúde do Reino Unido, Steve Brine, foi assinado memorando de entendimento para o desenvolvimento ações de cooperação no campo da saúde entre Brasil e Reino Unido. Entre as ações, estão o intercâmbio de boas práticas em políticas públicas de saúde, desenvolvimento de recursos humanos, pesquisa e inovação em saúde, uso de tecnologias digitais aplicadas à saúde e ações de respostas à resistência antimicrobiana. Para a concretização dos projetos, será criado Comitê Conjunto que gerenciará as atividades, elaborará termos de referência ou planos de trabalho, estabelecerá grupos de trabalho para abordar questões específicas e gerenciar atividades de cooperação bilateral. O grupo se reunirá, pelo menos, uma vez por ano.

Por Victor Maciel, da Agência Saúde

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