Piolho: o que dizem especialistas sobre o parasita que infesta a cabeça das crianças

“Oi, gente, tenho piolhos”, disse Giovanna Carvalho, 7, aos seus amigos do ônibus escolar. Para ela, a situação era maravilhosa, porque se sentia “diferente”. No entanto, nem todo mundo pensou a mesma coisa. A menina precisou sentar na frente com o motorista, porque ninguém quis ficar ao seu lado, contou a mãe, a administradora de empresas Andréia Gonçalves.

Apesar de Giovanna achar que estar com piolhos era algo especial, esses parasitas não são hóspedes bem-vindos. Por isso, é preciso ficar atento às recomendações médicas para removê-los de forma correta. Existem muitos mitos que rondam o tema. Conversamos com alguns especialistas para tirar as dúvidas dos pais sobre a pediculose, termo para designar a infestação de piolhos. Confira!

PIOLHO PULA

Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)
Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)

Muitos pais pensam que os piolhos pulam ou voam. No entanto, isso não acontece. Segundo Nádia Almeida, Chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital Pequeno Príncipe (PR), o contágio é feito pelo contato entre humanos. Como as crianças, muitas vezes, se abraçam ou estão bem próximas umas das outras, esses insetos podem andar até alcançar um novo hospedeiro. A dermatologista pediátrica Carolina Gonçalves Contin, do Sabará Hospital Infantil (SP), ainda afirma que, em meninas com cabelos longos, a propagação é maior. Outra forma de transmissão é compartilhar objetos contaminados, como escova de cabelo, boné e chapéu.

PREFEREM O VERÃO

Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)
Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)

A dermatologista Luciana Samorano, do Ambulatório de Dermatologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que, em temperaturas mais altas, há uma proliferação maior dos piolhos. “Esse inseto se adapta mais ao clima quente e isso acaba favorecendo sua infestação”, diz. No verão, também há o início das aulas. Nesse período, as crianças ficam mais aglomeradas, principalmente em locais fechados, e, assim,
têm mais contato com os amigos, facilitando a transmissão.

A COCEIRA ACONTECE QUANDO O PIOLHO SE ALIMENTA

Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)
Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)

Coçar a cabeça é um dos primeiros sintomas de quem está com o parasita. Essa situação ocorre quando o inseto suga o sangue da vítima. Na hora em que está se alimentando, libera uma substância da sua saliva, que gera uma reação de sensibilidade e causa a coceira.

Caso haja uma infestação muito significativa, é possível desenvolver um quadro de anemia. “Não é habitual, mas pode acontecer, se o piolho se instalar por um período longo na cabeça da criança”, diz. Segundo a especialista, ele tem um tempo de vida médio entre 30 e 40 dias. Ao identificar a presença do inseto, é necessário começar o tratamento o mais rápido possível, pois uma fêmea produz mais ou menos de sete a dez ovos por dia, ou seja, cerca de 300 ovos durante seu ciclo de vida.

BEBÊ PODE PEGAR

Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)
Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)

Não há uma idade para ter piolho. Entretanto, a pediculose é mais comum em crianças em idade escolar, em geral, a partir dos 3 anos. No caso dos bebês, os pais precisam tomar cuidado e optar por tratamentos adequados à idade da criança, sempre recomendados pelo pediatra.

 

PIOLHO GOSTA DE CABEÇA SUJA

Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)
Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)

A especialista Luciana ressalta que o parasita não tem relação com falta de higiene. “Não lavar o cabelo não aumenta as chances de propagação da pediculose. Inclusive acredita-se que o inseto prefira cabelos limpos”, diz.

 

USAR INSETICIDA É BOM

Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)
Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)

Usar o inseticida na guerra contra os piolhos pode parecer uma ideia inusitada, mas muitos pais utilizam esse método. No entanto, a dermatologista Luciana Samorano alerta que a prática é extremamente perigosa, podendo causar danos à pele e aos sistemas respiratório e neurológico das crianças. Quando o seu filho está com piolho, o primeiro passo é consultar um médico para verificar qual é o melhor tratamento. Para deter esses hóspedes indesejados, geralmente é indicado o uso de xampus e loções que podem matar o parasita. A médica Luciana Samorano explica que essas soluções devem ser aplicadas por dois a três dias e reaplicadas após uma semana. A repetição é recomendada, porque esses produtos matam apenas os piolhos e não as lêndeas – nome dado aos ovos do parasita. Com o tempo, esses ovos eclodem e há uma nova infestação. Caso ela seja muito grande ou se os pais identificam uma frequência maior de contaminação, é possível utilizar uma medicação via oral. Mas a dermatologista Carolina Contin ressalta que alguns remédios são indicados apenas para crianças a partir de 15 quilos.

DÁ PARA EVITAR

Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)
Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)

“Quando começam as aulas, alguns pais já ministram remédio para o filho não pegar piolho. Mas isso não é indicado”, explica Luciana Samorano. A medicação só funciona se a criança estiver de fato com o problema.

 

VINAGRE ACABA COM AS LÊNDEAS

Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)
Piolho: 8 mitos e verdades (Foto: João Brito)

Os ovos dos piolhos são branquinhos e podem até ser confundidos com a caspa, descamação do couro cabeludo. Carolina Contin diz que as caspas são mais fáceis de remover, tanto com o pente, quanto com as unhas. Já as lêndeas ficam aderidas ao fio de cabelo como se fossem uma “cola”, sendo mais difícil de retirá-las. Um dos métodos para acabar com esse problema é o uso do tradicional vinagre. Luciana afirma que a água morna com o vinagre ajuda a dissolver a “colinha” da lêndea. A solução deve ser aplicada de 15 a 20 minutos antes do banho. Após lavar o cabelo, os pais podem passar o pente-fino, que ajudará na remoção dos ovos.

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