A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou na segunda-feira (25) o registro do Mounjaro — que tem como princípio ativo a tirzepatida — novo medicamento para o tratamento de diabetes tipo 2.
Segundo a agência, ele tem efeito superior a concorrentes – como o Ozempic (ou semaglutida), outro famoso medicamento para o controle do diabetes.
Assim como o Ozempic, o Mounjaro tem como um de seus efeitos colaterais a perda de peso, o que leva o remédio a ajudar no controle do sobrepeso e obesidade.
Antes de ser disponibilizado em farmácias, o remédio deverá ser precificado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial ligado à Anvisa.
Por que o Mounjaro tem efeito superior ao Ozempic?
À CNN, a médica nutróloga Ana Luisa Vilela explicou que os dois medicamentos trabalham simulando hormônios que são naturalmente produzidos pelo corpo.
Ela explica que o Ozempic estimula os receptores de um hormônio intestinal chamado GLP-1.
Uma das funções do GLP-1 é retardar a passagem dos alimentos pelo estômago. Ele também ativa áreas do cérebro que faz com que a pessoa se sinta saciada por mais tempo.
A diferença do Ozempic para o Mounjaro é que, além de simular o GLP-1, o remédio recém-aprovado pela Anvisa também estimula os receptores de outro hormônio, o GIP, que atua na produção e liberação de insulina no organismo.
“Quando ele estimula esses dois receptores há uma sinergia na resposta. Então a gente vê um resultado melhor tanto em diminuição de glicemia quanto em diminuição de peso”, disse a endocrinologista Tarissa Petry, do Centro Especializado em Obesidade e Disbetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, à CNN.
Ela destacou que já estão sendo feitos estudos com medicamentos com ainda maior potencial, que trabalhariam simulando três hormônios importantes para o tratamento da diabetes.
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Quem deve tomar o Mounjaro?
O endocrinologista e diretor da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP), André Camara de Oliveira, explicou à CNN que o Mounjaro é uma medicação injetável, subcutânea, que se aplica uma vez por semana.
Os endocrinologistas ouvidos pela CNN destacam que a Anvisa autorizou o medicamento a ser utilizado no Brasil exclusivamente para diabéticos, apesar de já existirem estudos para tratamento de não diabéticos com obesidade.
“Eles estão fazendo uma análise para ver se vai ser liberada em relação à obesidade. Só que isso ainda não está liberado. A gente tem alguns estudos em pacientes com sobrepeso acima de 27 de MC mais um fator de risco ou paciente com obesidade com MC acima de 30, na qual a tirzepatida mostra resultados promissores. Entretanto, faltam ainda mais estudos, melhores análises para aprovar ou não para paciente não diabético”, disse Oliveira.
Fonte: Léo Lopes, CNN