Quase 40 milhões de crianças estão suscetíveis à crescente ameaça de sarampo, diz OMS

A cobertura vacinal contra o sarampo diminuiu constantemente desde o início da pandemia de Covid-19. Em 2021, um recorde de quase 40 milhões de crianças perderam alguma dose da vacina contra a doença, sendo 25 milhões para a primeira dose e um adicional de 14,7 milhões que deixaram de receber a segunda dose.

Os dados são de uma publicação conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, divulgada nesta quarta-feira (23). Segundo a OMS, o declínio representa um recuo significativo no progresso global para alcançar e manter a eliminação do sarampo e deixa milhões de crianças suscetíveis à infecção.

Em 2021, houve cerca de 9 milhões de casos e 128 mil mortes por sarampo em todo o mundo. Ao menos 22 países tiveram surtos grandes, alerta a OMS. Declínios na cobertura vacinal, o enfraquecimento da vigilância e interrupções ou atrasos contínuos nas atividades de imunização devido à Covid-19, apontam que o sarampo é uma ameaça iminente em todas as regiões do mundo.

“O paradoxo da pandemia é que, enquanto as vacinas contra a Covid-19 foram desenvolvidas em tempo recorde e implantadas na maior campanha de vacinação da história, os programas de imunização de rotina foram seriamente interrompidos e milhões de crianças perderam as vacinas que salvam vidas contra doenças mortais, como o sarampo”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.

O diretor-geral da OMS enfatiza a importância do reforço dos programas de imunização. “Colocar os programas de imunização de volta nos trilhos é absolutamente crítico. Por trás de cada estatística neste relatório está uma criança em risco de uma doença evitável”.

Ampliação da cobertura vacinal

O sarampo é uma doença infecciosa causada por um vírus, que pode ser fatal. A transmissão acontece a partir do contato com pessoas contaminadas, a partir da tosse, fala, espirro ou respiração. Embora seja um dos vírus mais contagiosos que afetam humanos, o sarampo é quase totalmente evitável por meio da vacinação.

A OMS afirma que é necessária uma cobertura de 95% ou mais de duas doses de vacina para criar a chamada imunidade coletiva, que permite proteger as comunidades, alcançar e manter a eliminação do sarampo.

No entanto, o relatório aponta que o mundo está bem abaixo disso, com apenas 81% das crianças recebendo sua primeira dose de vacina contra o sarampo e apenas 71% das totalmente imunizadas. Estas são as taxas de cobertura global mais baixas da primeira dose de vacinação contra o sarampo desde 2008, embora a cobertura varie de acordo com o país.

Ação global urgente necessária

O sarampo em qualquer lugar é uma ameaça em todos os lugares, pois o vírus pode se espalhar rapidamente para várias comunidades e além das fronteiras internacionais. Nenhuma região da OMS conseguiu e manteve a eliminação do sarampo. Desde 2016, dez países que já haviam eliminado o sarampo tiveram surtos e restabeleceram a transmissão, incluindo o Brasil.

O Brasil recebeu o certificado de eliminação do sarampo, concedido pela OMS, em 2016. Três anos depois, o país perdeu esse status depois da reintrodução do vírus no país e confirmação de novos casos.

“O número recorde de crianças suscetíveis ao sarampo mostra os profundos danos que os sistemas de imunização sofreram durante a pandemia de Covid-19”, disse a diretora do CDC, Rochelle P. Walensky. “Os surtos de sarampo ilustram as deficiências dos programas de imunização, mas as autoridades de saúde pública podem usar a resposta ao surto para identificar comunidades em risco, entender as causas da subvacinação e ajudar a fornecer soluções adaptadas localmente para garantir que as vacinas estejam disponíveis para todos”.

Em 2021, quase 61 milhões de doses de vacina contra o sarampo foram adiadas ou perdidas devido a atrasos relacionados à Covid-19 em campanhas de imunização em 18 países.

A OMS destaca que atrasos aumentam o risco de surtos e insta as autoridades sanitárias a amplificar esforços de vacinação e fortalecer a vigilância. O CDC e a OMS pedem ação coordenada e colaborativa de todos os parceiros nos níveis global, regional, nacional e local para priorizar esforços para encontrar e imunizar todas as crianças desprotegidas, incluindo aquelas que ficaram para trás nos últimos dois anos.

Surtos de sarampo ilustram deficiências nos programas de imunização e outros serviços essenciais de saúde, de acordo com a OMS. Para mitigar o risco de surtos, os países e as partes interessadas globais devem investir em sistemas de vigilância robustos.

De acordo com a estratégia de imunização global da Agenda de Imunização 2030, os parceiros globais de imunização continuam comprometidos em apoiar investimentos no fortalecimento da vigilância como um meio de detectar surtos rapidamente, responder com urgência e imunizar todas as crianças que ainda não estão protegidas contra doenças evitáveis ​​por vacinação.

Fonte: CNN Brasil

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