SBP, SBIm e Unicef lançarão cartilha sobre vacinação durante a pandemia de Covid-19

[Rio de Janeiro] – Em alusão ao Dia Nacional da Imunização, celebrado na terça-feira (9), as Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP), de Imunizações (SBIm) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançarão no próximo sábado (13), às 10h, uma cartilha sobre a vacinação na pandemia, durante o webinário gratuito “Boas Práticas em Imunizações em tempos de pandemia”, voltado a profissionais de saúde e gestores.

A cartilha digital “Pandemia covid-19: o que muda na rotina das imunizações” visa mostrar à população como ir a uma unidade de saúde com segurança e como os serviços de vacinação públicos e privados devem atender o público com os cuidados necessários e respeito ao distanciamento social. O documento também trata de estratégias de comunicação com a população e da segurança dos profissionais envolvidos na vacinação, com normas de vestuário e higienização. As medidas devem ser adaptadas pelos gestores de acordo com a realidade local. O conteúdo da cartilha poderá ser baixado a partir do dia 13 nos sites sbp.com.brsbim.org.br e em selounicef.org.br.

O material é parte da campanha “Vacinação em dia, mesmo na pandemia”, que tem como objetivo conscientizar especialistas e o público em geral sobre a importância de não deixar de se vacinar no período. A iniciativa inclui ações nos sites e redes sociais das instituições participantes. O movimento é justificado por uma série de motivos:

  • Interromper a vacinação rotineira — em especial de crianças menores de 5 anos, gestantes e outros grupos de risco — e as estratégias de seguimento e contenção de surtos pode levar ao aumento de casos de doenças imunopreveníveis e ao retorno de doenças eliminadas ou controladas. No curto, médio e longo prazo, as consequências podem ser mais graves do que as causadas pela pandemia.
  • Mais de 117 milhões de crianças de 37 países podem deixar de receber a vacina que previne o sarampo, alertam o UNICEF, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições. Campanhas de vacinação contra a doença já foram adiadas em ao menos 24 países.
  • Nesse sentido, 19 estados brasileiros registram circulação ativa do sarampo, destacando-se o Pará, com 40,9% dos casos confirmados. Em números absolutos, os principais afetados têm de 20 a 29 anos. No entanto, a incidência entre menores de 5 anos é mais elevada (13,1/100.000 habitantes).
  • A febre amarela também preocupa. Há casos em mais de 50 municípios dos estados do Paraná (principal foco), São Paulo, Santa Catarina e Pará. Além disso, devido ao risco de expansão geográfica, a vacinação foi intensificada em cerca de 150 municípios vizinhos.

IMBRÓGLIO – Ondas de surtos de doenças imunopreveníveis podem representar outra grande ameaça global, especialmente em um momento em que os sistemas de saúde já se encontram sobrecarregados. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sarampo infectou em 2018 quase 10 milhões de pessoas e matou mais de 140 mil, a maioria crianças menores de cinco anos.

“A cartilha surgiu da necessidade de mostrar tanto para a população quanto para os profissionais da saúde e, até mesmo, os gestores lidar com as dificuldades do distanciamento social e, ao mesmo tempo, chamar as pessoas para frequentar uma unidade de saúde”, explica a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva.

A presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, lembra que o Brasil é o único país no mundo a oferecer vacinas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que devido ao movimento equivocado de antivacinas, as taxas de coberturas vacinais no país caíram consideravelmente nos últimos anos.  “E agora, em razão da pandemia do novo coronavírus, os índices de procura por vacinação, que já vinham ficando abaixo do esperado, tiveram uma queda ainda maior”, ressalta.

A vice-presidente da SBIm e coordenadora científica da cartilha, a pediatra dra. Isabella Ballalai, destaca a abrangência da publicação, que inclui instruções sobre o planejamento da vacinação, organização das salas de vacinas, bem como busca de locais alternativos, caso não seja possível adotar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) todas as medidas de distanciamento social exigidas, devido à concorrência com os demais atendimentos.

“Outra preocupação é a proteção da saúde dos profissionais que participam do processo de vacinação. A cartilha apresenta os cuidados necessários para os envolvidos — da portaria à sala de vacinação, passando pela equipe de segurança e limpeza — e normas de vestuário, higienização, entre outras”, enumera.

Dra. Cristina Albuquerque, chefe da Área de Saúde e HIV/AIDS do UNICEF no Brasil, pondera que o medo de comparecer às salas de vacinação é compreensível no contexto atual, mas lembra que as doenças preveníveis por vacina também são extremamente perigosas e capazes de levar à morte ou deixar sequelas.

“A pandemia de COVID-19 é uma situação inédita para a nossa geração. No entanto, outras infecções graves continuam a circular. A meningite bacteriana, por exemplo, pode levar à morte em poucas horas. Não podemos nos descuidar”, alerta.

O presidente do Departamento de Imunizações da SBP e membro da Comissão Técnica para Revisão dos Calendários Vacinais da SBIm, dr. Renato Kfouri, frisa que a Covid-19 é um grave problema de saúde pública e merece a atenção de todos. Contudo, não se deve retirar a atenção de outras patologias que não deixaram de circular, outras doenças infecciosas que colocam em risco a nossa população, não só de crianças, mas também de adolescentes e adultos.

Ele observa ainda que o não cumprimento do Calendário de Vacinação – principalmente nesse momento de relaxamento social em que as taxas de coberturas vacinais estão baixas – torna as pessoas não imunizadas corretamente mais suscetíveis a contrair outras doenças, como a paralisia infantil, a difteria, a coqueluche, a pneumonia, a diarreia, o sarampo, a febre amarela, entre outras. “Se isso ocorrer, teremos dois problemas para solucionar: a epidemia do coronavírus e o regresso dessas doenças já controladas há anos em nosso país”, salienta.

Dr. Kfouri lembra que a queda progressiva nas coberturas vacinais ,o Brasil perdeu, em 2019, o certificado de eliminação do sarampo, conquistado pouco menos de três anos antes. “A volta do sarampo foi um retrocesso inaceitável, extremamente frustrante para todos que atuaram ao longo de décadas para alcançar a conquista. Agora, temos um longo caminho a percorrer. Esperamos que a publicação venha contribuir para que o mesmo não aconteça com outras enfermidades”, evidencia.

*Com informações da assessoria de imprensa da SBIm e Unicef.

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